10 perguntas que a participação da Supergirl em Superman levanta sobre o DCU

A aparição-surpresa da Supergirl no final de Superman encantou muitos fãs. Em poucos minutos, deu para sentir como é a Kara Zor-El deste universo: longe do “paradigma” visto em outras versões, aqui ela transita entre a irreverência e um espírito festeiro — alguém que claramente carrega bagagens das quais ainda tenta fugir. Justamente por isso, sua breve participação levanta uma série de questões.

Tópicos como sua criação, como sobreviveu à destruição de Krypton e até sua relação com o Krypto estão na cabeça dos fãs. Kara tem uma conexão com Krypton ainda mais direta do que o próprio Superman, e tudo indica que seu tempo no DCU vai aprofundar esse lado de sua herança como poucas versões fizeram até hoje. Ainda assim, permanecem muitas dúvidas relevantes.

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1) Krypto estava em Argo com a Supergirl?

Ao contrário da maioria das versões, Krypto, o Supercão, é da Supergirl neste universo — possivelmente um vínculo que vem de Krypton. O que precisa ser esclarecido é há quanto tempo Krypto acompanha Kara. Se ela cresceu em uma parte de Krypton que sobreviveu à destruição, Krypto pode ter sido um cão que ela adotou durante a fuga ou um companheiro fiel desde o início.

Ambos os cenários abrem espaço para explorar o passado de Kara. Ela é bem mais jovem que Clark — ainda criança quando Krypton foi destruído. Mostrar lembranças dela encontrando Krypto ou buscando conforto na presença dele seria uma ótima forma de criar conexão emocional com o público. Até aqui, vimos uma “party girl” sarcástica; foi divertido, mas há camadas mais profundas a serem reveladas.

2) Krypto veio para a Terra com ela?

Surpreendentemente, é uma pergunta razoável. Se Kara veio de Argo City, talvez tenha chegado sozinha a princípio, evitando sobrecarregar o primo com muitas revelações. Krypto poderia ter aparecido depois, quando ela já conhecia melhor o Superman. Isso explicaria alguns pontos: Kara provavelmente sabia como Krypto se comporta e, se suspeitava que a Terra lhes daria poderes, deixá-lo para trás temporariamente faria sentido para evitar danos.

Também ajuda a entender por que Superman tinha pouca familiaridade com o cão no começo. O próprio Clark admite tratar-se de um “lar temporário” e que Krypto “não era um bom cachorro”, sugerindo um relacionamento recente e ainda em formação. Ao final do filme, Krypto conquista todo mundo — e o fato de Kara tê-lo deixado com o Superman para ir festejar reforça a possibilidade de ele não ter vindo na primeira visita dela à Terra.

3) Como ela vai a planetas de sol vermelho para festejar?

A questão aqui é logística. Dependendo do nível de poder dos kryptonianos neste universo, voar pelo espaço pode ser possível. Mas isso cria um problema: em planetas com sol vermelho, a Supergirl perde os poderes. Se ela foi até lá só para beber e curtir, como sairia do planeta depois?

Isso sugere que Kara usa meios tecnológicos de viagem — provavelmente o mesmo método pelo qual chegou à Terra. Se for o caso, esse recurso pode ser central no filme solo. E levanta outra pergunta: por que alguém deixaria Kara pilotar uma nave sozinha sabendo que ela a usa para ir a outros mundos apenas para se embriagar?

4) Quais planetas ela visita?

O universo DC apresenta inúmeros planetas com papel importante no cosmo. Embora Kara procure mundos de sol vermelho para festejar, isso não significa que só pouse neles. Ela pode usar a liberdade que tem para explorar outros lugares, por diversão ou curiosidade — e, se puxar ao primo, provavelmente vai se desviar do caminho para ajudar quem precisar.

O filme seria uma ótima desculpa para expandir a galáxia no DCU. Superman deixou claro que este é um mundo cheio de super-heróis; a Supergirl pode fazer o mesmo além da Terra, explorando política intergaláctica, culturas e conflitos.

5) Por que o Superman concorda com as “festas” dela?

Sabendo o quanto Superman se importa com todos, é curioso vê-lo aceitar que sua única parente consanguínea saia pelo espaço para se embriagar — ainda por cima em planetas onde ela fica vulnerável. Clark é confiável, mas não é ingênuo: ele sabe o quão perigoso é o universo, especialmente para quem está sozinha. Então, por que ele concordaria?

A resposta pode estar no não dito entre os dois. Kara ainda vive o luto de Krypton de um modo que Superman nunca poderá viver. Clark lamenta o que nunca conheceu; Kara viveu Krypton. Tem memórias, vínculos e perdas concretas — e tudo isso ainda é recente para ela. Talvez Clark não saiba como consolá-la por enquanto e opte por dar espaço, ainda que com preocupação.

6) A Ma Kent fez o traje dela, ou são roupas kryptonianas?

A Supergirl usa um traje no mesmo estilo do Superman, então cabe perguntar: Ma Kent fez um traje para Kara também? Em algumas versões, o uniforme é um presente da Casa de El. Como, em Superman, Ma Kent cuida do traje de Clark, é plausível que tenha sido ela a fazê-lo antes da estreia heroica do filho. Se for assim, o uniforme de Kara também pode ter sido um presente de Martha.

Isso renderia ótimos momentos com a família Kent. Kara não é filha deles nem foi criada no Kansas, mas entende que eles são os pais do primo — e, reciprocamente, eles a veem como família. Seria divertido ver o choque entre a ironia de Kara e a gentileza dos Kents — ou mesmo Kara fazendo pose de boazinha só para provocar o Superman. De todo modo, os Kents foram sua primeira ponte humana, uma relação que vale explorar.

7) Há quanto tempo ela está na Terra?

Com o lançamento da 2ª temporada de Peacemaker, ficou estabelecido que a Justice Gang — com Superman e Supergirl — ajudou os 11th Street Kids em 2022. Como Superman se passa em 2025, Kara está na Terra há pelo menos três anos. Falta, porém, confirmar quando ela chegou.

Isso importa porque Kara soa muito à vontade com a cultura humana — gírias, trejeitos, dinâmica social. O modo como interage com Superman não é de uma estrangeira; às vezes, ela parece se encaixar melhor do que o próprio Clark. Isso só seria possível se ela passou tempo suficiente aqui para absorver hábitos e idioma. Flashbacks dessa adaptação ajudariam a mostrar seu conflito emocional: tentar se encaixar na Terra enquanto anestesia a dor da perda de Krypton com excessos.

8) A Terra sabe da existência da Supergirl?

Como já indicado, Peacemaker — e provavelmente o governo dos EUA — sabe que Supergirl existe. O ponto é se isso está sendo mantido em sigilo. Repare: Krypto ainda é uma novidade até para heróis e vilões da Terra — nem Lois sabia que Superman tinha um cão. Se é assim, talvez a existência de Kara também esteja sob reserva até ela decidir se apresentar ao público. Afinal, veja Lex Luthor: reagiu ferozmente a um kryptoniano; imagina a dois. Isso explicaria por que ele não tinha planos específicos para a Supergirl.

Também faz sentido com o perfil atual da personagem. Kara adora sair da Terra para se divertir e só volta ao trabalho heróico quando a situação é crítica. Ela pode não ter interesse em fama terráquea por enquanto, confiando que Clark dá conta. É um traço coerente com a sua fase “party girl”: ainda sem o senso de responsabilidade plenamente formado.

9) Como a Supergirl está lidando com a perda de Krypton?

Talvez a pergunta mais importante sobre esta versão de Kara. A resposta simples: ela ainda está de luto. James Gunn já indicou que Kara segue processando a destruição de seu mundo. Isso se manifesta em farras e riscos — a ponto de até os robôs do Superman, que não sentem emoção, demonstrarem preocupação com o estilo de vida autodestrutivo da heroína.

Kara parece presa ao próprio luto, e festejar não é forma de elaborar — é uma maneira de ignorar a dor. É provável que seu filme trate justamente dessa reconciliação: Krypton se foi, levando o futuro que ela imaginava, amigos e amores, e qualquer senso da identidade de seu povo no universo. É natural que esteja devastada — mas ainda não vimos a plenitude dessa dor em tela.

10) A Supergirl sabia o verdadeiro motivo de o Superman ter sido enviado à Terra?

Tradicionalmente, Kara foi enviada para cuidar do bebê Kal-El. Faz sentido, então, supor que ela tenha alguma noção do que Jor-El e Lara pretendiam para o filho. Enciclopédias indicam que Supergirl nunca conheceu Jor-El pessoalmente, mas, se sua missão for semelhante neste universo, pode ter alguma consciência das expectativas dos pais de Clark. Isso pode virar fonte de atrito entre os primos, caso Superman perceba que ela omitiu informações.

Por outro lado, dá a Kara a chance de encarar que, embora lamente Krypton, a sociedade kryptoniana não era perfeita. Havia arrogância e falhas — algo perceptível no modo como Jor-El falava da humanidade. Ainda assim, Kara não compartilha dessa superioridade: ela enxerga toda vida como digna e igual. Explorar o quanto ela sabia sobre os planos do tio ajuda a mostrar o lado sombrio de Krypton — um lado que Clark apenas roçou.

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Fonte: CBR