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A empresa do Oregon que ninguém lembra, mas que criou o primeiro SSD
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A empresa do Oregon que ninguém lembra, mas que criou o primeiro SSD

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 11:20

3 min de leitura

Em 1982, enquanto a maioria dos usuários de computador lutava contra disquetes lentos e drives de fita magnética barulhentos, uma pequena empresa no Oregon estava prestes a revolucionar o mercado de armazenamento. A SemiDisk Systems lançou o primeiro SSD comercial para PCs baseados em processadores Intel — um cartão de memória RAM que custava quase US$ 2 mil e oferecia míseros 512 kilobytes de capacidade.

Parece absurdo pelos padrões atuais, mas aquele dispositivo representou um salto tecnológico gigantesco para a época. Enquanto disquetes de 5,25 polegadas levavam vários segundos para carregar programas, o SSD da SemiDisk entregava taxas de 500 KB/s — uma velocidade considerada “muito rápida” nos primeiros anos da década de 1980.

A origem: um protótipo construído na Intel

A história começa em outubro de 1980, quando Jim Bell trabalhava para a Intel em Aloha, Oregon. Bell não estava satisfeito com a lentidão dos sistemas de armazenamento disponíveis e decidiu construir algo melhor com as próprias mãos.

O protótipo foi montado em uma placa wirewrap usando chips DRAM 2118 de 5 volts e 16 kilobits. O engenheiro instalou 32 soquetes na placa e empilhou os chips em camadas de 8 unidades de altura.

Aquela placa rudimentar funcionou. E dois anos depois, Bell fundou a SemiDisk Systems em Beaverton, Oregon, para comercializar sua invenção.

O lançamento: velocidade a qualquer custo

Os primeiros SSDs da SemiDisk chegaram ao mercado em formato de cartão S-100, um padrão de barramento amplamente usado em computadores baseados em processadores Z80 de 8 bits. A capacidade inicial era de 512 KB, construída com chips DRAM de 64 Kb, e o preço de lançamento era de US$ 1.995 — o equivalente a cerca de US$ 6.600 em valores atualizados para 2025.

O design era peculiar. Bell literalmente saturou a placa com soquetes de memória posicionados o mais próximo possível uns dos outros — uma densidade de componentes impressionante para os padrões da época. Para gerenciar a estabilidade elétrica, a empresa usou capacitores de desacoplamento tipo “dipguard”, uma solução criativa para uma época em que componentes eletrônicos ocupavam muito mais espaço físico.

Mas o verdadeiro diferencial estava na modularidade. A SemiDisk oferecia expansão até 8 megabytes por computador usando apenas dois slots de barramento — algo revolucionário para a época. O sistema era pensado para crescer conforme a necessidade do usuário, permitindo começar com 512 KB e expandir gradualmente até 2 MB por placa. O anúncio da empresa deixava claro: “Você pode começar com apenas 512 KB e depois expandir para 2 megabytes por placa”.

A interface era proprietária, o que significava que o SSD só funcionava com sistemas específicos. Mas para quem podia pagar, a diferença era brutal. Programas que levavam 30 segundos para carregar de um disquete eram executados quase instantaneamente

Expansão e adaptação a novos computadores

A SemiDisk não parou nos computadores S-100. Logo após o lançamento inicial, a empresa desenvolveu cartões compatíveis com TRS-80 Model II, 12 e 16, IBM PC (incluindo XT e AT), e Epson QX-10 — todos sistemas populares no início dos anos 1980. A tabela de preços da empresa mostrava a abrangência do catálogo: o modelo para S-100 custava US$ 695 (512 KB) ou US$ 1.395 (2 MB), enquanto versões para IBM PC variavam entre US$ 695 e US$ 1.795.

Um detalhe crucial diferenciava a SemiDisk da concorrência: backup de bateria. Por US$ 150 adicionais, o usuário podia garantir entre 5 e 10 horas de proteção de dados durante quedas de energia — algo que nenhum competidor oferecia na época. “Ninguém oferece essa funcionalidade importante“, destacava o anúncio da empresa. Como os SSDs usavam memória DRAM (volátil), esse recurso era essencial para evitar perda de dados.

Quando chips DRAM de 256 Kb se tornaram disponíveis no mercado, a capacidade dos SSDs saltou para 2 megabytes. Para contexto, um disquete de dupla densidade da época armazenava entre 360 KB e 1,2 MB. Ter 2 MB de armazenamento ultrarrápido era como ter um superpoder computacional.

Fonte: Hardware.com.br

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