
A fórmula da controvérsia: como GTA usou a polêmica para chocar e conquistar o mundo
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 13:50
3 min de leituraNo cenário efervescente dos anos 90, onde os videogames ainda lutavam para transcender a alcunha de “brinquedos para crianças”, emergiu um título que desafiaria todas as convenções e redefiniria o entretenimento interativo: Grand Theft Auto. Lançado em 1997, o jogo da DMA Design, antigo nome da empresa que virou a Rockstar North, não era apenas um experimento em liberdade virtual; era, desde sua concepção, uma máquina de polêmicas, habilmente orquestrada por uma nome polêmico da publicidade: Max Clifford.
Esta não é apenas a história de um jogo; é o relato de como a controvérsia, por vezes fabricada e muitas vezes inflamada, se tornou a força motriz por trás de um dos fenômenos culturais mais duradouros da indústria dos games, cimentando o legado de Grand Theft Auto e da Rockstar Games como sinônimos de ousadia e transgressão.
O nascimento do GTA
Em meados de 1997, a paisagem dos videogames era dominada pela ascensão dos gráficos 3D e do realismo visual, com títulos como Tomb Raider ditando as tendências. Nesse contexto, o primeiro Grand Theft Auto, com sua visão isométrica em 2D e seus carros e personagens compostos por poucos pixels, parecia quase anacrônico. No entanto, por trás dessa estética simplista, residia uma ambição sem precedentes: a de lançar os jogadores no “centro de seu próprio universo criminoso.
A visão de Sam Houser, o homem que se tornaria a figura central da Rockstar Games, era clara: criar jogos que fossem “relevantes”, que “empurrassem os limites” da narrativa e da experiência interativa.
GTA permitia roubar carros, atropelar pedestres, cometer crimes e até interagir com policiais de maneiras que desafiavam o status quo moral dos jogos da época.
Para os criadores da DMA Design, a prioridade era a jogabilidade, a imersão na liberdade de um mundo aberto onde “não havia pontuação para bater ou princesa para salvar”. Essa abordagem libertária, contudo, já carregava o germe de uma controvérsia inevitável.
O mestre da manipulação: Max Clifford e a arte de chocar
Ciente do potencial explosivo de GTA e da necessidade de destacar um título que, graficamente, não impressionava, a BMG Interactive – com suas raízes na indústria musical – tomou uma decisão audaciosa e sem precedentes no mundo dos games: contrataram Max Clifford.
Clifford não era um publicista comum; no Reino Unido, ele era um “mestre manipulador da mídia tabloide”, famoso por criar escândalos para gerar publicidade, como a icônica (e falsa) manchete “Freddie Starr Ate My Hamster”. (Freddie Starr comeu meu hamster”).
A matéria falsa, publicada no The Sun em 13 de março de 1986, alegava que o comediante Freddie Starr teria colocado o hamster de uma amiga entre duas fatias de pão e o comido, criando um escândalo imediato e enorme repercussão. Na verdade, como revelou a modelo que era amiga de Freddie na época, ele apenas colocou o hamster no sanduíche, mas nunca chegou a comê-lo.
O conselho de Clifford à BMG foi direto e provocador: “Esqueçam a convenção e abracem a criminalidade do GTA em toda a sua glória”. Ele previu que a “elite do establishment” acharia o jogo “absolutamente repulsivo”, e que essa repulsa, paradoxalmente, seria a melhor publicidade.
Sam Houser abraçou a ideia com entusiasmo, vendo-a como uma forma de posicionar os jogos como uma forma de arte madura, diferente dos filmes. Dave Jones, o criador original do jogo, inicialmente demonstrou ceticismo, preocupado em “balançar o barco” devido a planos de fusão da DMA, mas Clifford, com sua experiência, garantiu que tudo aconteceria como planejado. Ele prometeu “incentivar as pessoas certas” na política a criticar o jogo, pois isso atrairia publicidade e, o mais importante, incentivaria os jovens a comprar!
Max Clifford Max Clifford faleceu em 2017. Ele chegou a ser condenado por diversos crimes sexuais contra menores e adultos. Essas condenações destruíram sua reputação pública e o afastaram permanentemente do mundo dos negócios e da mídia.
O espetáculo da indignação: como a polêmica impulsionou o sucesso de GTA
Fonte: Hardware.com.br
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