
A história completa: como a Kodak inventou a câmera digital e depois destruiu o próprio futuro
Publicado em 5 de outubro de 2025 às 14:28
3 min de leituraRecentemente, exploramos neste artigo como a Kodak, em meio à maior crise financeira de sua história de 133 anos, ainda encontra forças para sobreviver graças a uma improvável aliança com a Geração Z e a nostalgia cinematográfica. Jovens ávidos por experiências não vividas abraçaram câmeras analógicas e filmes vintage, mantendo de pé uma empresa que hoje luta contra dívidas de 500 milhões de dólares e admite ter “dúvidas substanciais” sobre sua própria sobrevivência.
Mas essa ironia do destino esconde uma tragédia empresarial ainda mais profunda. A mesma empresa que hoje depende da nostalgia de uma geração digital para se manter viva foi, paradoxalmente, a criadora da tecnologia que destruiu seu próprio império.
Eureca!
Steven Sasson Em dezembro de 1975, nos laboratórios da Eastman Kodak em Rochester, Nova York, um jovem engenheiro de 24 anos estava prestes a mudar para sempre o mundo da fotografia. Steven Sasson havia acabado de construir uma engenhoca do tamanho de uma torradeira que pesava quase quatro quilos. Era tosca, desajeitada e levava 23 segundos para capturar uma única imagem em preto e branco de míseros 0,01 megapixels.
Era a primeira câmera digital autônoma da história.
Joy Marshall, técnica de laboratório que posou para a primeira foto digital do mundo, olhou para sua imagem pixelizada numa tela de televisão e fez uma observação profética: “Precisa melhorar”. Ela não imaginava que estava testemunhando o nascimento da tecnologia que, décadas depois, destruiria o império fotográfico mais poderoso do século XX.
A tragédia da Kodak não foi ter perdido a revolução digital. Foi tê-la inventado e depois enterrado seu próprio futuro. Esta é a história de como uma das maiores ironias tecnológicas da história se desenrolou, levando uma gigante centenária a depender hoje da nostalgia para sobreviver em meio à pior crise de sua existência.
O gigante que ensinou o mundo a fotografar
Para compreender a magnitude do erro estratégico da Kodak, é preciso voltar às suas origens triunfantes. Fundada em 1888 por George Eastman, a empresa democratizou a fotografia com um slogan revolucionário: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”. Pela primeira vez na história, qualquer pessoa podia capturar memórias sem precisar ser um especialista em química ou processos complexos de revelação.
Durante quase um século, a Kodak não apenas dominou o mercado fotográfico — ela praticamente o criou. No auge de seu poder, nos anos 1970, controlava impressionantes 90% do mercado americano de filmes e 85% das vendas de câmeras. Seu modelo de negócio perfeito: vendia câmeras baratas para lucrar massivamente com filmes, produtos químicos e papel fotográfico.
Era o que os executivos internamente chamavam de estratégia “haleto de prata”, em referência aos compostos químicos do filme. Funcionava como uma máquina de imprimir dinheiro. Em 2000, as vendas relacionadas ao filme representavam 72% da receita da empresa e 66% de sua receita operacional. Para cada dólar gasto em filme, a Kodak embolsava até 70 centavos de lucro líquido.
A invenção que mudaria tudo
Em 1973, Sasson se formou em engenharia elétrica pelo Instituto Politécnico Rensselaer e foi contratado pela Kodak, uma escolha aparentemente estranha, já que a empresa tradicionalmente empregava engenheiros químicos e mecânicos. Mas os tempos estavam mudando. Os controles eletrônicos começavam a dominar as câmeras, desde avanços de filme até sistemas de flash.
Dois anos depois, Sasson recebeu uma tarefa aparentemente simples: investigar o desempenho de imageamento de um dispositivo de carga acoplada (CCD) desenvolvido pela Fairchild Semiconductor. O jovem engenheiro, no entanto, tinha uma visão mais ambiciosa. Inspirado por suas experiências de infância desmontando eletrônicos, ele imaginou como pulsos elétricos poderiam ser exibidos como padrões bidimensionais, similar ao funcionamento das televisões.
Durante dois anos, Sasson trabalhou obsessivamente no projeto. Ele “roubou” uma lente de uma câmera de filme Super 8 usada, conectou circuitos digitais e analógicos em seis placas diferentes, e alimentou tudo com 16 baterias AA. O resultado final tinha o tamanho e peso de uma torradeira, mas conseguia fazer algo revolucionário: capturar luz e convertê-la em dados digitais, armazenados em fita cassete.
Fonte: Hardware.com.br
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