
“As Provadoras de Hitler”: filme resgata história das mulheres forçadas a degustar os pratos do ditador
Publicado em 3 de outubro de 2025 às 16:00
3 min de leituraImagine ter de comer três vezes ao dia sem saber se aquela poderia ser a última refeição da sua vida. Foi essa a rotina de um pequeno grupo de jovens alemãs durante os dois últimos anos e meio da Segunda Guerra Mundial. Elas eram obrigadas a provar a comida preparada para Adolf Hitler para protegê-lo de um possível envenenamento.
Essa história permaneceu praticamente desconhecida por décadas, até vir à tona em 2012, quando Margot Wölk, então com 95 anos, revelou à revista alemã Der Spiegel ter feito parte desse grupo.
Secretária de profissão e casada com um soldado alemão desaparecido no front, Wölk contou que, a partir de 1942, foi levada diariamente, junto a outras 14 mulheres, para uma escola próxima à Toca do Lobo” (Wolfsschanze), quartel-general do Führer na Prússia Oriental (região hoje dividida por Polônia, Letônia e Rússia). Ali, antes que os pratos fossem enviados ao líder nazista, elas tinham de comê-los.
As refeições, todas vegetarianas, seguiam a dieta restrita de Hitler: legumes, massas, arroz e frutas – algumas delas, exóticas e raras em plena guerra. “A comida era boa, muito boa. Mas não podíamos apreciá-la”, disse Wölk em entrevista à imprensa alemã em 2013. “Algumas meninas choravam ao começar a comer, de tanto medo. Tínhamos de comer tudo e esperar por uma hora. Cada refeição era uma roleta-russa.”
Segundo seu relato, a rotina se intensificou após julho de 1944, quando o coronel Claus von Stauffenberg liderou a mais conhecida tentativa de assassinato contra Hitler – a chamada Operação Valquíria, uma bomba escondida em uma maleta na Toca do Lobo. A conspiração fracassou, mas aumentou ainda mais o clima de paranoia no círculo íntimo do ditador.
Wölk sobreviveu por pouco. No fim de 1944, quando o Exército Vermelho da União Soviética se aproximava, um tenente da SS (principal força de segurança e repressão do regime nazista) a colocou em um trem para Berlim. Mais tarde, ele lhe contou que as outras provadoras haviam sido fuziladas pelos soldados soviéticos.
Após a guerra, Wölk voltou à capital alemã devastada, onde foi vítima de múltiplos estupros cometidos por soldados soviéticos. Viveu em silêncio até quase o fim da vida, quando decidiu relatar o que descreveu como os seus “piores anos”. Ela morreu em 2014, aos 96 anos.
Novo filme
Essa história chega agora aos cinemas brasileiros no filme “As Provadoras de Hitler”, dirigido pelo italiano Silvio Soldini, que será exibido no Festival do Rio, que acontece entre 2 e 21 de outubro. A trama acompanha Rosa Sauer, jovem berlinense que, em 1943, se refugia na casa dos sogros, perto da Toca do Lobo, enquanto o marido luta no front. Logo, ela é forçada pela SS a integrar o grupo de mulheres que provam os pratos destinados a Hitler.
Interpretada por Elisa Schlott, Rosa nunca vê o ditador de perto, mas sente sua sombra constante. Ao lado de outras provadoras, ela enfrenta o medo diário da morte, constrói laços de amizade e até vive um romance ambíguo com um oficial da SS, vivido por Max Riemelt.
O roteiro é inspirado no romance Le assaggiatrici (2018), da italiana Rosella Postorino, traduzido em mais de 30 idiomas. Postorino criou uma narrativa ficcional a partir da história de Wölk, mesclando fatos e especulação – como o caso amoroso, que nunca foi confirmado pela sobrevivente.
Fonte: Superinteressante
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