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Criador do primeiro navegador detona romantização de startups: “empreendedorismo não deveria ser encorajado”
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Criador do primeiro navegador detona romantização de startups: “empreendedorismo não deveria ser encorajado”

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 13:12

3 min de leitura

Uma fala enfática de Marc Andreessen, criador do primeiro navegador web gráfico e cofundador da Andreessen Horowitz, voltou a viralizar no X, reavivando um debate essencial sobre a realidade brutal de fundar startups. A declaração original foi feita em dezembro de 2024, durante entrevista ao podcast Modern Wisdom com Chris Williamson, quando o bilionário afirmou categoricamente: “não deveríamos encorajar as pessoas a serem empreendedoras”.

O vídeo ressurgiu agora através do perfil @StartupArchive, gerando reflexões renovadas sobre saúde mental, expectativas irreais e a verdadeira natureza de construir empresas do zero. A repercussão em 2025 ganha ainda mais peso diante de novos dados alarmantes sobre saúde mental dos fundadores e taxas de rejeição no ecossistema de venture capital.

Marc Andreessen on why we shouldn’t encourage people to be entrepreneurs

“The idea of being an entrepreneur has been a romanticized concept. There used to be TV shows talking about how fun it was. And people ask questions, ‘How do we encourage more people to be entrepreneurs?’… pic.twitter.com/Q4ZXLHjbbt

— Startup Archive (@StartupArchive_) October 19, 2025

Andreessen, que literalmente criou a porta de entrada para a internet moderna com o navegador Mosaic em 1993, vai na contramão da romantização desenfreada que dominou a cultura tech nos últimos anos, quando programas de TV e influenciadores transformaram o empreendedorismo numa espécie de sonho vendido a qualquer preço. Sua credencial como pioneiro da revolução digital torna a crítica especialmente contundente.

A brutal matemática da rejeição

Andreessen descreveu o cotidiano de uma startup com precisão cirúrgica: “É tremendamente doloroso. A maior parte da experiência de estar no mundo dos negócios como startup é ouvir ‘não'”. Dados de 2025 confirmam que investidores de capital de risco rejeitam 99% das startups que avaliam. Fundos de primeira linha, que recebem fluxo massivo de propostas, financiam apenas 0,5% a 1% das aplicações.

O fundador precisa constantemente lidar com recusas de todos os lados: funcionários em potencial, clientes, parceiros comerciais e investidores. Andreessen comparou a experiência a “encarar o abismo e comer vidro”, uma metáfora emprestada de Elon Musk que captura perfeitamente a sensação de vulnerabilidade constante combinada com sofrimento autoimputado. A cada dia, 90% das startups enfrentam a perspectiva concreta de extinção.

A epidemia silenciosa de saúde mental

Os números sobre saúde mental entre empreendedores são alarmantes e frequentemente ignorados pela narrativa de sucesso do ecossistema tech. Uma pesquisa de outubro de 2025 revelou que 87,7% dos empreendedores enfrentam pelo menos uma condição de saúde mental, sendo ansiedade (50,2%), estresse elevado (45,8%) e preocupações financeiras (39,2%) as mais prevalentes.

Estudos da Universidade da Califórnia apontam que 72% dos fundadores reportam problemas como ansiedade, burnout ou depressão — mais do que o dobro da taxa da população geral, que fica em 32%. A taxa de depressão entre empreendedores atinge 30%, comparada a 16,6% no restante da população. Transtorno de déficit de atenção (ADHD) afeta 29%, e ansiedade generalizada atinge 27% dos fundadores.

O isolamento agrava o quadro: 27% dos empreendedores lutam contra solidão profunda, com muitos classificando seus níveis de isolamento em 7,6 de 10. Mais da metade relata passar menos tempo com amigos (73%), cônjuges (60%) e filhos (58%). Apenas 23% buscam ajuda de psicólogos ou coaches, principalmente devido ao custo (73%) e falta de tempo (52%).

O filtro das piores notícias

Andreessen explicou por que ser CEO é especialmente angustiante: “Você só gasta tempo em coisas que estão dando errado. Você tem um filtro para os problemas mais terríveis da empresa — os mais perniciosos e dolorosos”. Enquanto outras funções permitem focar em sucessos e conquistas, o líder da startup lida exclusivamente com crises.

Fonte: Hardware.com.br

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