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Estudo reprodutivo em ursos andinos pode colaborar para a conservação da espécie
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Estudo reprodutivo em ursos andinos pode colaborar para a conservação da espécie

Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 12:00

2 min de leitura

Este texto foi publicado originalmente no Jornal da USP. Vale a leitura!

Um estudo de mestrado defendido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP avaliou a qualidade do sêmen do urso andino (Tremarctos ornatus), com a intenção de criopreservar o material através do congelamento de células. O trabalho é inédito em relação à técnica, realizada por meio de colheita farmacológica, e por analisar o sêmen de um animal em vida livre. As avaliações espermáticas sugeriram que fatores ambientais, comportamentais e biológicos podem alterar a qualidade seminal. Viver em isolamento e sem contato com fêmeas foram avaliados como condicionamentos prejudiciais para o material.

O urso andino é o único urso nativo da América do Sul e, apesar de não ocorrer fora de cativeiro no Brasil, pode ser encontrado na natureza em cinco países: Peru, Venezuela, Equador, Colômbia e Bolívia. Atualmente, a espécie é classificada como vulnerável à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o que aponta que ela pode entrar em extinção caso as condições atuais não sejam alteradas.

O urso-de-óculos, como também é conhecido, corre perigo sobretudo devido à perda e fragmentação de seu hábitat. “Junto com a fragmentação do hábitat vem uma consequência: a perda de variabilidade genética, de forma indireta. Os animais ficam naqueles fragmentos e começam a reproduzir só entre eles, que estão ali”, explica Aléxia Bom Conselho, médica veterinária e autora do trabalho.

Ao todo, seis ursos foram avaliados, com exceção de colheita para dois deles, porque apresentavam fimose ou estavam em idade pré-púbere. As coletas foram realizadas em animais sob cuidados de humanos, em três casos, e em ambiente de vida livre, em um caso. Uma das amostras coletadas em cativeiro foi contaminada com urina e teve que ser descartada, portanto a análise final contou com três amostras.

A pesquisa é um estudo piloto, que busca criar base para que novas pesquisas reprodutivas sejam exploradas. Segundo a autora, a ideia é que seja possível manejar populações, promovendo a transferência genética de indivíduos. Para isso, o trabalho busca responder perguntas base da área.

A coleta do sêmen

O manejo em vida livre aconteceu enquanto Aléxia Bom Conselho atuava como médica veterinária no projeto da exploradora da National Geographic, Ruthmery Pillco. Ao longo dos dois meses em que esteve na Wayqecha Biological Station, na região de Cusco, no Peru, realizou check-ups em ursos-de-óculos e coletou o sêmen como parte do processo. Já o manejo em zoológicos aconteceu no Brasil, junto a instituições parceiras, que realizaram as avaliações médicas de rotina e permitiram que a coleta do material acontecesse.

Aléxia compara o manejo em vida livre e em animais sob cuidados humanos, apontando as dificuldades do processo na natureza, como acontecia na coleta dos animais no Peru.  “A gente estava no distrito de Kosñipata, que fica a mais ou menos cinco horas de Cusco. É um relevo intenso, de 2 a 3 mil metros de altitude, é difícil de respirar”, explica. A médica veterinária completa relatando que os manejos na região aconteceram enquanto chovia.

Fonte: Superinteressante

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