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Maior cratera da Lua revela sinais radioativos e pode mudar missões da Nasa
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Maior cratera da Lua revela sinais radioativos e pode mudar missões da Nasa

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 08:00

3 min de leitura

Uma nova pesquisa sugere que a maior e mais antiga cratera da Lua não se formou da maneira que os cientistas imaginavam. A descoberta pode alterar o entendimento sobre a história do satélite natural e, potencialmente, redirecionar o foco das futuras missões Artemis, que pretendem levar astronautas de volta à superfície lunar – a próxima está prevista para 2027.

A cratera em questão é a bacia do Polo Sul–Aitken (SPA), uma cicatriz colossal de 2.500 quilômetros de diâmetro e até 8 quilômetros de profundidade, localizada no lado oculto da Lua – a face que nunca é visível da Terra. Formada há cerca de 4,3 bilhões de anos, ela teria surgido quando um asteroide gigantesco colidiu com o satélite, em um impacto mais de dez vezes mais poderoso que o evento que exterminou os dinossauros.

Mas o novo estudo publicado na Nature, liderado por Jeffrey Andrews-Hanna, cientista planetário da Universidade do Arizona, indica que o impacto ocorreu em um ângulo diferente do que se acreditava. “Isso significa que as missões Artemis pousarão na borda inferior da bacia – o melhor lugar para estudar a maior e mais antiga bacia de impacto da Lua”, explicou Andrews-Hanna em nota. É onde “a maior parte do material ejetado, proveniente das profundezas do interior da Lua, deve se acumular”.

Esses detritos incluem uma mistura radioativa conhecida como KREEP – sigla usada por geólogos para potássio (K), elementos de terras raras e fósforo – restos do antigo oceano de magma que cobria a Lua em seus primeiros 200 milhões de anos de existência. Detectado em alta concentração no limite sudoeste da bacia, o KREEP oferece pistas sobre o passado geológico lunar e sobre como o satélite se formou após a colisão entre a Terra e o protoplaneta Theia, há 4,46 bilhões de anos.

“Se você já deixou uma lata de refrigerante no congelador, deve ter notado que, à medida que a água solidifica, o xarope de milho rico em frutose resiste ao congelamento até o final e se concentra nos últimos pedaços de líquido”, disse o autor em comunicado. “Achamos que algo semelhante aconteceu na Lua com o KREEP.”

Quando o oceano de magma gradualmente se solidificou em crosta e manto, restou “apenas aquela pequena porção de líquido imprensada entre o manto e a crosta, e esse é o material rico em KREEP”, explica o cientista.

“Todo o KREEP e os elementos produtores de calor, de alguma forma, se concentraram no lado visível da Lua, causando seu aquecimento e levando a um vulcanismo intenso que formou as planícies vulcânicas escuras que proporcionam a visão familiar da face da Lua vista da Terra”, de acordo com Andrews-Hanna. No entanto, a razão pela qual o KREEP acabou no lado visível, e como esse material evoluiu ao longo do tempo, tem sido um mistério.

“Nossa teoria é que, à medida que a crosta engrossava no lado mais distante, o oceano de magma abaixo era espremido para os lados, como pasta de dente sendo espremida para fora de um tubo, até que a maior parte dele acabasse no lado mais próximo”, disse ele.

Os dados vieram de medições feitas pela sonda Lunar Prospector, da NASA, que orbitou o satélite entre 1998 e 1999. Eles revelaram um padrão de radioatividade que reforça a nova hipótese sobre a direção do impacto – um detalhe que pode ajudar a decifrar o que realmente aconteceu nos primórdios do sistema Terra-Lua.

Fonte: Superinteressante

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