
Novo mapeamento com Inteligência Artificial ajudará a prevenir desmatamento na Amazônia
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 14:00
3 min de leituraFonte: Superinteressante
Raul Queiroz Feitosa é Professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Este texto foi republicado do site The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
Nos últimos 40 anos, o Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais, uma área maior do que a Bolívia. Só na Amazônia, o bioma mais afetado, foram 52,1 milhões de hectares destruídos. Nos últimos 12 meses, foram desmatados 4.495 km² na Amazônia, 4% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Combater esse problema exige fiscalização e também informação de qualidade, que seja rápida, precisa e acionável.
Foi com essa premissa que desenvolvemos, no Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, um modelo de Inteligência Artificial (IA) capaz de prever, com até 15 dias de antecedência, as áreas com maior risco de desmatamento na Amazônia Legal. O projeto foi feito em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Essa ferramenta, batizada de Deforestation Prediction System, já está em operação na plataforma de dados geográficos TerraBrasilis, mantida pelo INPE, e disponível para uso do Ibama e dos municípios da região. Ela foi concebida para apoiar decisões estratégicas de fiscalização e prevenção, aumentando a eficiência das operações e reduzindo desperdícios de recursos.
Por que um novo modelo era necessário
A previsão de desmatamento é fundamental, pois os técnicos não podem visitar todos os lugares da Amazônia. É necessário priorizar. As ações de fiscalização são caras, envolvem deslocamentos por longas distâncias e áreas de difícil acesso. A ferramenta que até então era usada pelo Ibama precisava ser atualizada, pois se baseava em um método proposto há cerca de 20 anos. Por isso, o Ministério do Meio Ambiente buscou apoio para desenvolver uma solução que incorporasse os avanços mais recentes em Inteligência Artificial.
Nosso grupo PUC-Rio tem mais de 20 anos de experiência em análise de imagens em sensoriamento remoto. Minha atuação como representante da América Latina nas duas principais sociedades científicas internacionais da área – a Sociedade de Geociências e Sensoriamento Remoto, do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (GRSS-IEE) e a Sociedade Internacional de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto (ISPRS) – possibilitou a construção de parcerias e colaborações em projetos tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo o próprio INPE.
Foi nesse contexto que, por sugestão do coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas (PAMZ+) do INPE, Dr. Cláudio Almeida, nossa equipe foi convidada para integrar o desenvolvimento do projeto, com foco na coordenação metodológica das soluções de IA. O trabalho recebeu investimento de R$ 2,5 milhões da Climate and Land Use Alliance (CLUA), uma coalizão internacional de fundações dedicada à proteção das florestas tropicais. Iniciamos em janeiro de 2024 e concluímos recentemente, já com a etapa de implementação em andamento.
Continua após a publicidade
Como funciona a previsão
A base do modelo está em identificar fatores ou condições mais relacionadas ao desmatamento iminente, de modo que possam antecipar a sua ocorrência. Para isso, usamos a vasta base de dados históricos da Amazônia Legal, disponibilizada pelo INPE. O Instituto realiza o monitoramento sistemático dos biomas brasileiros por sensoriamento remoto, gerando um grande volume de dados em plataformas como PRODES e DETER.
Continua após a publicidade
Selecionamos variáveis espaciais e ambientais, como rede hidrográfica, proximidade de rodovias, limites de áreas protegidas e terras indígenas, padrões climáticos e, sobretudo, registros históricos de desmatamento. Esse último fator é essencial, já que nvos eventos tendem a se repetir próximos aos locais já afetados no passado.
Então, testamos quatro abordagens distintas de IA. A que apresentou melhor equilíbrio entre precisão e custo computacional foi adotada, conseguindo apontar, com alto grau de acerto, onde há maior probabilidade de novos desmatamentos em até 15 dias.
Da teoria à prática
Leia também
- Atari Gamestation Go: o console portátil com controles retrô que chega em outubro
O Atari Gamestation Go finalmente chegou à fase de pré-venda, mais de um ano após seu anúncio inicial na CES 2024. O console portátil, desenvolvido pela My Arcade em parceria com a icônica marca Atari, estará disponível por US$ 179,99, com envios aos compradores a partir de outubro de 2025 em mercados selecionados (Br…
- Fortnite pode ganhar colaboração com Silent Hill
Um leaker chamado Wenso revelou que Fortnite terá um crossover com Silent Hill em breve, baseado em informações de insiders que acertaram vazamentos das temporadas 3 e 4 do jogo.
- Octopath Traveler 0 será gigantesco, com mais de 100h!
De vez em quando é legal pegar jogos de escopo absolutamente gigantesco, aquelas jornadas que levam mais de 100h para serem completadas e que, depois disso, permanecem para sempre em nossas memórias.