
O Kindle colorido – e a nova geração de e-readers
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 10:00
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“Se você olhar para trás, a paisagem está repleta de cadáveres de leitores de e-books”, disse Jeff Bezos em 19 de novembro de 2007. A Amazon não tinha nem de longe o tamanho de hoje (havia registrado lucro de US$ 78 milhões no segundo trimestre daquele ano, 233 vezes menos do que no mesmo período de 2025). E o leitor eletrônico Kindle, que Bezos apresentou ao mundo naquele dia, não parecia um sucesso certo.
“Você precisa ter muita coragem para lançar um e-reader em 2007″, escreveu David Pogue, colunista de tecnologia do New York Times, no primeiro teste do aparelho – em que se perguntou se a Amazon estava “totalmente doida”. Várias startups e a gigante Sony já haviam criado leitores de e-books; todos fracassaram no mercado.
Mas o Kindle (“acender”, em inglês) era diferente. Vinha integrado com a loja da Amazon, que já dominava a venda online de livros, e tinha sua própria conexão à internet – a Whispernet, uma rede 3G gratuita e ilimitada. Para comprar um livro no Kindle, bastava pegar o aparelho e dar poucos cliques. Por outro lado, ele era caro (US$ 399, o equivalente a US$ 620 em valores de hoje), pesado (292 g, quase o dobro do modelo básico atual) e a tecnologia de papel eletrônico, usada na tela, ainda era primitiva. Hoje é até meio difícil de imaginar, mas o Kindle nasceu como uma aposta arriscada.
Deu certo. A Amazon não revela os números, mas o mercado estima que tenha vendido até 90 milhões de unidades do leitor ao longo das últimas duas décadas.
E, agora, ele tem uma versão com tela colorida: o Kindle Colorsoft, que chegou ao Brasil em julho. A tela e-ink colorida é um feito tecnológico, a coroação de um esforço ainda mais antigo do que o Kindle – ele começa em 1997, quando a internet estava na Idade Média (a novidade do ano foram modems com o dobro da velocidade: permitiam navegar a 56 kbps, ou 0,05 megabit por segundo).
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Eletrodos e bolinhas
As telas LCD e OLED precisam ser alimentadas com eletricidade dezenas de vezes por segundo, o que gasta bateria. E ambas são emissivas, ou seja, geram a própria luz. Isso pode ser uma vantagem em ambientes pouco iluminados, mas cansa os olhos após algumas horas de uso.
A tela de papel eletrônico (tecnologia também chamada de e-ink) é diferente. Usa microcápsulas preenchidas com tinta, e só gasta energia quando precisa movimentar essas partículas – ou seja, quando precisa acender ou apagar cada um dos pontos que formam a imagem. No resto do tempo, as partículas de pigmento ficam paradas, e a tela não consome nenhuma eletricidade.
É por isso que os leitores e-ink mantêm a tela “acesa” o tempo todo, inclusive quando não estão sendo usados (o Kindle, por exemplo, exibe imagens decorativas), e mesmo assim suas baterias duram muito. Além disso, a tela de papel eletrônico é refletiva, ou seja, ela só rebate a luz do ambiente (desde 2019, todos os Kindles têm também uma luz embutida, com LEDs que você pode acionar para ler no escuro).
Essas duas características, estabilidade e refletividade, dão às telas e-ink uma aparência parecida com a do papel. A tecnologia foi criada em 1996 pelos americanos JD Albert e Barret Comiskey, que tinham 21 anos e eram estudantes do MIT. No ano seguinte os dois (junto com seu professor, Joseph Jacobson) fundaram a E Ink Corporation para explorar a tecnologia.
O papel eletrônico também tinha uma limitação, era preto e branco. Isso não é problema para ler livros, mas compromete outros tipos de conteúdo. No começo dos anos 2000, várias empresas tentaram desenvolver telas e-ink em cores. O primeiro leitor com tela de papel eletrônico colorido foi o Flepia, lançado pela gigante japonesa Fujitsu em 2009. Custava US$ 1.000 (o equivalente a US$ 1.500 em valores atuais), e não fez sucesso.
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Em 2010 a E Ink lançou a sua tela colorida, a Triton. Ela chegou a ser usada em alguns leitores de marcas pequenas, como o JetBook Color e o Pocket Book Color, mas não foi muito além. Talvez você esteja pensando: se o papel eletrônico colorido existe há 15 anos, por que não conquistou o mercado – e só agora o Kindle ganhou uma versão com tela em cores?
Fonte: Superinteressante
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