Pular para o conteúdo
O mercado secundário de tecnologia no Brasil: antes tarde do que mais tarde…
Cinema
mercado
secundário
tecnologia
brasil
antes
tarde

O mercado secundário de tecnologia no Brasil: antes tarde do que mais tarde…

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 18:00

3 min de leitura

Fonte: TecMundo

O mercado global de tecnologia passou por uma transformação silenciosa, mas profunda, nos últimos vinte anos. Se no início dos anos 2000 uma startup levava menos de quatro anos, em média, para abrir capital, hoje essa janela se estende para algo próximo a 16 anos.

Nesse intervalo, mais de US$ 2 trilhões foram direcionados a mercados privados, criando um universo de empresas altamente capitalizadas que permanecem privadas por longos períodos. Com as janelas de IPO e M&A cada vez mais estreitas e imprevisíveis, os secundários — a compra e venda de participações já existentes — deixaram de ser vistos como um sinal de fraqueza e passaram a ser encarados como um instrumento essencial de governança, alinhamento e liquidez.

Eles permitem melhorar cap tables, dar liquidez a funcionários e, sobretudo, permitir que fundadores sigam construindo sem precisar esperar uma década para materializar parte de seu valor.

Esse movimento, que começou como exceção em mercados como Estados Unidos e Europa, consolidou-se como prática comum. Hoje, a venda de uma pequena parcela por parte dos fundadores ou colaboradores já não é um tabu, mas sim um mecanismo de estabilidade: estabiliza o lado pessoal de quem lidera empresas inovadoras e torna as stock options algo concreto para os times.

Como resume Paulo Veras, cofundador da 99, citado no relatório State of the Startup Secondaries Market in Brazil 2025 feito pela Spectra Investment e Beacon Founders, quando estruturadas dentro de limites razoáveis, as transações secundárias conseguem equilibrar interesses de fundadores, companhias e investidores ao mesmo tempo.

O Brasil, por sua vez, parece ter finalmente entrado de vez nessa nova fase. Segundo o estudo, 52% das startups brasileiras realizaram alguma operação secundária em 2025. O dado mais relevante é que, em 82% dos casos, os fundadores venderam menos de 10% de sua participação. Ou seja: não se trata de uma saída disfarçada, mas sim de um ajuste de risco pessoal que preserva o alinhamento de longo prazo.

Liquidez aqui não é fuga, mas fôlego. E o efeito não para por aí: 91% dos empreendedores que realizaram vendas reinvestiram os recursos no próprio ecossistema, seja como anjos, LPs ou investidores diretos. Esse ciclo de capital e conhecimento realimenta o sistema, criando uma engrenagem virtuosa.

Os números também mostram uma mudança estrutural. Os descontos em secundários, que chegavam a 55% em 2023, recuaram para apenas 13% no segundo trimestre de 2025. Isso sinaliza maior eficiência na formação de preços e crescente demanda por ativos de qualidade.

Não por acaso, 42% dos fundadores afirmam que sua execução melhorou após a venda parcial, e nenhum reportou queda de motivação. Do lado comprador, fundos de venture capital seguem dominantes, enquanto os family offices se concentram em empresas mais maduras, acessando-as por meio de fundos ou SPVs. Mais impressionante: 85% dos investidores ativos pretendem ampliar a exposição nos próximos doze meses.

Esse cenário, longe de ser um modismo, é consequência direta da evolução do ecossistema de tecnologia brasileiro. À medida que o mercado amadurece, torna-se inevitável a criação de mecanismos que permitam reciclar capital, redistribuir risco e alinhar interesses em ciclos mais longos.

O que antes parecia distante — operações secundárias robustas e recorrentes — hoje começa a se tornar rotina. A expectativa é de crescimento de cerca de 40% nesse mercado até o fim de 2025, com projeção de impacto relevante na economia real: até 2% do PIB já em 2026, quando startups devem usar os recursos para expandir, contratar e inovar.

Em outras palavras, o Brasil não está apenas alcançando a tendência global, mas pode assumir a dianteira na América Latina. O que começou como um paliativo, um “quebra-galho” em momentos de janelas fechadas, agora se transforma em pilar estrutural de um ciclo de venture mais saudável e dinâmico.

O mercado secundário deixa de ser exceção para se tornar regra — e essa é talvez a maior prova de que o ecossistema brasileiro amadureceu de fato.

Leia também

  • Como está Kendra Licari, de Número Desconhecido Catfishing, hoje em dia?
    Como está Kendra Licari, de Número Desconhecido Catfishing, hoje em dia?

    O documentário da Netflix Número Desconhecido: Catfishing na Escola trouxe à tona um dos casos mais perturbadores de cyberbullying dos últimos anos. O escândalo, ocorrido em Beal City, Michigan, não apenas chocou a comunidade local, mas também gerou debates globais sobre confiança, tecnologia e relações familiares.&nb…

  • Task tem quantos episódios? Veja calendário de lançamento e horário
    Task tem quantos episódios? Veja calendário de lançamento e horário

    Do mesmo criador de Mare of Easttown, Brad Ingelsby, a série Task estreou no último domingo (7) com a promessa de ser o próximo drama de grande sucesso da HBO. Estrelada por Mark Ruffalo no papel de Tom Brandis, a produção acompanha um agente do FBI amargurado que precisa lidar com uma tarefa que não é muito agradável.

  • Número Desconhecido Catfishing na Escola traz história real chocante sobre bullying
    Número Desconhecido Catfishing na Escola traz história real chocante sobre bullying

    Lançado pela Netflix no dia 29 de agosto, o documentário Número Desconhecido: Catfishing na Escola tem chamado a atenção por contar uma história chocante. Ele acompanha a vida da jovem Lauryn Licari que, em 2020, começou a receber várias mensagens ameaçadoras em seu celular.