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18 anos depois, fãs ainda ignoram um dos melhores jogos de RPG do PS2 — Odin Sphere
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18 anos depois, fãs ainda ignoram um dos melhores jogos de RPG do PS2 — Odin Sphere

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 18:40

4 min de leitura

O PlayStation 2 foi um dos consoles mais lendários da história, abrigando alguns dos maiores clássicos dos videogames — Kingdom Hearts, Devil May Cry, Shadow of the Colossus, Final Fantasy X e tantos outros.
Mas entre esses gigantes, existe um tesouro esquecido que muitos ainda não descobriram: Odin Sphere, o RPG de ação 2D que uniu arte, mitologia e emoção como poucos títulos da época.


Odin Sphere — a joia perdida da era PS2

Lançado em 2007 no Japão (e em 2008 no Ocidente), Odin Sphere chegou no fim da vida útil do PS2, quando o PlayStation 3 já havia tomado o palco principal.
Criado por George Kamitani — também responsável por Dragon’s Crown e 13 Sentinels: Aegis Rim — o jogo nasceu como uma sequência espiritual de Princess Crown, do Sega Saturn, e acabou se tornando um dos títulos mais artisticamente ousados da biblioteca do PS2.

A obra da Vanillaware chamou atenção por seu visual desenhado à mão, animações fluidas e narrativa trágica inspirada na mitologia nórdica.
Mas o lançamento tardio e a transição de geração fizeram o jogo passar despercebido pelo grande público, mesmo sendo aclamado pela crítica especializada na época.

“Odin Sphere é praticamente um conto de fadas jogável — um épico de amor, guerra e destino emoldurado em uma pintura viva.”
Play Magazine (2007)


Um RPG 2D que parecia arte animada

Enquanto a indústria migrava para o 3D, Odin Sphere foi na contramão:
um RPG 2D de rolagem lateral, com combate fluido, sistema de alquimia e culinária, e uma trilha sonora orquestrada que amplificava a melancolia de cada capítulo.

O jogo se passa em Erion, um continente devastado pela guerra entre os reinos de Ragnanival e Ringford, que lutam pelo controle do Crystallization Cauldron — uma arma mística capaz de trazer tanto prosperidade quanto destruição total.

O enredo é dividido em cinco campanhas interligadas, cada uma narrada por um protagonista diferente:

  • Gwyndolyn, a valquíria filha do rei Odin;
  • Cornelius, o príncipe amaldiçoado transformado em Pooka;
  • Mercedes, a princesa-fada de Ringford;
  • Oswald, o cavaleiro das sombras;
  • Velvet, a bruxa sobrevivente do reino perdido de Valentine.

Arte de Velvet e Cornelius em forma humana em Odin Sphere Imagem: Atlus / Vanillaware


Entre Shakespeare e os deuses nórdicos

Inspirando-se em Norse Mythology, contos de fadas e tragédias shakespearianas, Odin Sphere mergulha em temas como amor proibido, redenção e sacrifício.
Cada história é apresentada como um “livro” lido por Alice, uma menina que descobre as memórias dos heróis de Erion em seu sótão — um toque meta que coloca o jogador literalmente “lendo” as histórias enquanto joga.

A genialidade do jogo está em sua estrutura narrativa interconectada:
um personagem pode ser herói em um capítulo e vilão no outro. Essa abordagem moralmente ambígua cria uma sensação de tragédia inevitável, onde todos lutam por algo justo, mas destinado à ruína.

“Ninguém em Odin Sphere é totalmente bom ou mau — são apenas pessoas tentando sobreviver a um mundo que está terminando.”


Desafiante, denso e recompensador

Mesmo em 2007, Odin Sphere surpreendia pelo nível de refinamento.
O combate, misturando beat’em up e RPG, exigia timing e estratégia, e o sistema de crescimento de habilidades era profundo.
Críticas na época destacaram a dificuldade elevada, o que afastou alguns jogadores — mas hoje é justamente esse fator que o coloca ao lado de títulos “à frente de seu tempo”, como Demon’s Souls.

Além da ação, o jogo incluía elementos de gestão de recursos e cozinha, permitindo que os jogadores cultivassem e preparassem refeições para ganhar experiência — um detalhe que virou marca registrada da Vanillaware.


Um clássico reimaginado

Em 2016, a Atlus lançou o remake Odin Sphere Leifthrasir para PS4, PS3 e PS Vita.
Essa nova versão reimaginou completamente o sistema de combate, adicionando novas animações, ajustes de ritmo e performance fluida em 60 FPS — tornando-o a versão definitiva para novos jogadores.

Mesmo assim, o original de PS2 continua tendo um charme único — mais cru, mais sombrio e mais melancólico — lembrando a todos por que o console da Sony ainda é um dos maiores berços da arte nos videogames.

Valkyrie Gwyndolyn, uma das protagonistas de Odin Sphere Imagem: Atlus / Vanillaware


O legado de um conto esquecido

Hoje, 18 anos depois, Odin Sphere permanece como um dos jogos mais belos e subestimados do PS2 — uma obra que une o encanto dos contos antigos com a intensidade dos RPGs modernos.
Em tempos em que o realismo domina, ele nos lembra que a arte desenhada à mão ainda pode emocionar mais que qualquer polígono.


🎮 Onde jogar:

  • Odin Sphere (PS2) — clássico original de 2007
  • Odin Sphere: Leifthrasir (PS4, PS3, PS Vita) — remake de 2016

Fonte: CBR

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