
Os jumentos estão sob ameaça de extinção. Entenda o tamanho do problema
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 12:00
2 min de leituraQ uando Dom Pedro I deu o brado retumbante, ele estava montado em um jumento. Quase dois milênios antes, Jesus Cristo também teria montado em um para entrar em Jerusalém pela primeira vez. Napoleão, expedicionários da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais e até o fictício Sancho Pança dependiam do animal.
Os bichos que chamamos de jumento (e de jegue ou de asno) são o Equus africanus asinus, uma subespécie de Equus africanus domesticada há 7 mil anos (1). São primos distantes da zebra e dos cavalos – até 2 milhões de anos atrás, todos compartilhavam um mesmo ancestral (2).
Os jumentos viraram pets antes mesmo dos cavalos, cuja domesticação ocorreu há pouco menos de 5 mil anos (3). E fazia todo sentido: embora menores, os jumentos são mais resistentes.
Do lado de cá do Atlântico, eles vieram com os europeus durante a colonização. Logo se tornaram o principal meio de transporte dos tropeiros, carregando mercadorias entre o litoral e as missões de expansão para o interior do País.
Os jumentos daqui deram origem a três raças: brasileiro, pêga e nordestino. Cortesia de séculos de cruzamentos para atender às necessidades de trabalho e ao clima de diferentes regiões. Para a agricultura, diga-se, melhor ainda é o híbrido de um jumento com uma égua: o burro (ou a mula).
Há algumas décadas, todos esses animais eram reverenciados com estátuas, pinturas, cordéis e canções Brasil afora. “O jumento sempre foi o maior desenvolvimentista do sertão. Ajudou o homem na luta diária”, disse Luiz Gonzaga na música “Apologia ao Jumento”, de 1976.
Hoje, a situação é outra. A mecanização do agro, aliada ao aumento do poder de compra do brasileiro, jogou os asnos para escanteio. Parece uma troca justa: motos, afinal, são mais rápidas que jegues. Mas há um problema nessa história.
–Lucas Bezerra/Superinteressante Existe uma caça aos jumentos em curso. Um mercado bilionário promove o abate em busca da sua pele. Muitos acabam traficados por uma pechincha e são mortos sem nenhum tipo de cuidado com higiene ou bem-estar animal. Vamos entender esse problema – que pode escalar para um desastre ecológico e de saúde pública.
Remédio milagroso – só que não
O ejiao é um remédio milenar chinês. Ele já foi uma iguaria reservada à nobreza imperial, mas hoje dá para encontrá-lo em tônicos, pílulas, cosméticos e alimentos que prometem curar doenças do sistema circulatório, anemia e impotência sexual.
Décadas de estudos não conseguiram encontrar provas científicas para nenhuma das alegações, mas isso não impediu a indústria do ejiao de movimentar US$ 6,38 bilhões em 2021, com projeção para US$ 7,7 bi em 2027 (4). Tudo isso à base de 6 milhões de peles de jumento cozidas por ano.
Fonte: Superinteressante
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