
Principais teorias sobre a consciência podem estar investigando a parte errada do cérebro
Publicado em 28 de setembro de 2025 às 08:00
2 min de leituraPeter Coppola é neurocientista e pesquisador da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. O texto abaixo foi publicado originalmente no site The Conversation, que divulga textos escritos por cientistas. Vale a visita.
O que dá origem à consciência humana? Algumas partes do cérebro são mais importantes do que outras? Cientistas começaram a abordar essas questões com mais profundidade há cerca de 35 anos. Desde então, os pesquisadores fizeram progressos, mas o mistério da consciência continua muito vivo.
Em um artigo publicado recentemente, analisei mais de 100 anos de pesquisas em neurociência para verificar se algumas regiões do cérebro são mais importantes do que outras para a consciência. Minhas descobertas sugerem que os cientistas que estudam a consciência podem ter subestimado as regiões mais antigas do cérebro humano.
A consciência é geralmente definida pelos neurocientistas como a capacidade de ter experiências subjetivas, como a experiência de saborear uma maçã ou de ver a vermelhidão de sua casca.
As principais teorias da consciência sugerem que a camada externa do cérebro humano, chamada córtex (em azul na figura abaixo), é fundamental para a consciência. Ele é composto principalmente pelo neocórtex, que é uma estrutura mais recente na nossa história evolutiva.
–Peter Coppola, CC BY-SA (criado com a ajuda da IA)./Reprodução
O subcórtex humano (em marrom/bege na figura acima), abaixo do neocórtex, não mudou muito nos últimos 500 milhões de anos. Acredita-se que ele seja como a eletricidade para uma TV, necessário para a consciência, mas não suficiente por si só.
Há outra parte do cérebro que algumas teorias neurocientíficas da consciência afirmam ser irrelevante para a consciência. Trata-se do cerebelo, que também é mais antigo que o neocórtex e se parece com um pequeno cérebro encaixado na parte de trás do crânio (na figura acima, em roxo). A atividade cerebral e as redes cerebrais são interrompidas na inconsciência (como no coma). Essas mudanças podem ser observadas no córtex, no subcórtex e no cerebelo.
O que a estimulação cerebral revela
Como parte da minha análise, examinei estudos que mostram o que acontece à consciência quando a atividade cerebral é alterada, por exemplo, pela aplicação de correntes elétricas ou pulsos magnéticos em regiões do cérebro.
Essas experiências em humanos e animais mostraram que alterar a atividade em qualquer uma dessas três partes do cérebro pode alterar a consciência. Alterar a atividade do neocórtex pode mudar sua percepção de si mesmo, causar alucinações ou afetar seu julgamento.
Alterar o subcórtex pode ter efeitos extremos. Podemos induzir depressão, acordar um macaco da anestesia ou deixar um rato inconsciente. Mesmo estimular o cerebelo, há muito considerado irrelevante, pode alterar sua percepção sensorial consciente.
Mas essas pesquisas não nos permitem chegar a conclusões definitivas sobre a origem da consciência, pois estimular uma região do cérebro pode afetar outra região. Assim como desconectar a TV da tomada, podemos estar alterando as condições que sustentam a consciência, mas não os mecanismos da consciência em si.
Fonte: Superinteressante
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