
Terapia nos tempos da IA
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 10:00
3 min de leituraT heodore é um escritor solitário que enfrenta o luto de um divórcio. Certo dia, ele conhece Samantha, uma assistente que o ajuda a organizar seus e-mails e documentos. A relação profissional logo evolui para algo a mais. Theodore começa a compartilhar desabafos e confissões com Samantha – e se apaixona por ela.
Só tem um problema: Samantha é uma assistente virtual. Uma inteligência artificial, que conversa com Theodore pelos fones de ouvido. “Bem, você parece uma pessoa, mas é apenas uma voz em um computador”, diz o escritor. “A perspectiva limitada de uma mente não artificial pode perceber dessa forma”, ela responde. “Mas você vai se acostumar.”
O casal (se é que podemos chamar assim) é o protagonista de Ela (2013), pelo qual o diretor e roteirista Spike Jonze levou o Oscar de Melhor Roteiro Original. “É o filme de terror mais romântico que eu já vi”, disse uma espectadora ao jornal The New York Times na época do lançamento, fazendo referência ao clima distópico da história.
Mais de 12 anos após a sua estreia, Ela já não soa como um exagero. Da Siri à Alexa, assistentes virtuais já fazem parte do nosso dia a dia. E a revolução capitaneada pelo ChatGPT popularizou o uso da inteligência artificial (IA) em quase todas as esferas da vida – no mundo, um quinto das pessoas já usa o Chat como alternativa ao Google.
Em 2024, um levantamento da empresa Talk Inc, feito com mais de mil pessoas, apontou que 65% dos brasileiros usavam IA com frequência para algum tipo de tarefa. Agora, graças, em parte, à incorporação de IA em serviços como Google e WhatsApp, dados da versão de 2025 da pesquisa (adiantados com exclusividade para esta reportagem) apontam que a taxa chega a 88%.
Entre os entrevistados de 2024, 13% admitiam recorrer a chats de IA como amigos ou conselheiros – os números de 2025 mais que dobraram [veja o infográfico abaixo]. Há um sem-fim de formas de interação. Podem ser dicas inofensivas, como pedir uma receita com base no que você tem na geladeira, um feedback sobre a apresentação de slides do trabalho e até dicas de flerte para o contatinho do Bumble.
–Ina Gouveia/Superinteressante Mas há quem recorra aos robôs para pedidos mais delicados: desabafar sobre amizades (ou a falta delas), resolver crises de ansiedade e até pedir o diagnóstico de um quadro de depressão. Buscar suporte para a saúde mental é ótimo, claro – mas, quando isso acontece dentro de uma plataforma de IA, pode ser um problema.
O caso mais notório (e extremo) envolvendo IA e saúde mental aconteceu no final de agosto, nos EUA. O casal Matt e Maria Raine processou a OpenAI, dona do ChatGPT, após o suicídio de seu filho de 16 anos. O jovem passou meses planejando a própria morte dentro da plataforma – sem que o robô soasse alerta algum.
A tragédia motivou a OpenAI a planejar a inclusão de ferramentas de controle parental, algo que os desenvolvedores da companhia já solicitavam havia mais de um ano. Segundo a empresa, os pais poderão “receber notificações quando o sistema detectar que seu filho está em um momento de grande sofrimento”.
Conversar com uma IA significa encontrar um reflexo complacente: uma voz que nunca confronta, nunca discorda. E mais: está disponível 24 horas por dia – na maior parte das vezes, de graça. É uma alternativa confortável, mas que não substitui família, amizades nem terapia. Pelo contrário: esses sistemas podem enfraquecer habilidades sociais e transferir à máquina parte daquilo que define nossa própria humanidade.
Fonte: Superinteressante
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