
5 descobertas de Jane Goodall sobre os chimpanzés – e sobre nós
Publicado em 2 de outubro de 2025 às 18:03
3 min de leituraFaleceu ontem, 1 de outubro, a etóloga e conservacionista Jane Goodall, cujo trabalho como primatologista nos ajudou a entender o comportamento e as emoções dos animais. Segundo o instituto que leva seu nome, a britânica de 91 anos morreu de causas naturais, em Los Angeles.
Considerada pioneira no estudo do comportamento de primatas, ela ficou mais conhecida por suas mais de seis décadas de pesquisa de campo sobre a vida social e familiar de chimpanzés selvagens no Parque Nacional Gombe Stream, na Tanzânia. Destes mais de 60 anos, Goodall passou cerca de 40 deles focada em uma preocupação crucial: a conservação da natureza.
Seus estudos de campo com chimpanzés quebraram barreiras para as mulheres e mudaram a forma como os cientistas estudam os animais. “As descobertas da Dra. Goodall como etóloga revolucionaram a ciência, e ela foi uma defensora incansável da proteção e restauração do nosso mundo natural”, afirmou o instituto em um comunicado.
Em homenagem a Goodall, listamos cinco das inúmeras descobertas feitas por ela.
- Chimpanzés têm emoções e personalidades
–Apic/Getty Images Quando Goodall terminou os estudos escolares, ainda não tinha condições financeiras para iniciar uma vida acadêmica na área que lhe atraía, a etologia (pesquisas sobre comportamento animal). Por alguns anos, topou trabalhos como secretária e garçonete, economizando para conseguir iniciar seus estudos envolvendo os animais. Aos 23 anos, conseguiu juntar moedas suficientes para visitar uma amiga que morava no Quênia.
Lá, Jane conheceu o paleoantropólogo Louis Seymour Bazett Leakey, que lhe ofereceu um trabalho no museu de história natural local. Na época, Leakey imaginava que estudos com chimpanzés, nossos parentes vivos mais próximos, poderiam revelar novas informações sobre a vida dos humanos ancestrais, que era especificamente o campo de estudos dele.
Após um tempo no museu, Leakey decidiu que Jane seria uma boa adição ao time da Reserva de Caça Gombe Stream (atual Parque Nacional Gombe Stream) na Tanzânia, que estudava chimpanzés selvagens. Hoje, graças a Jane, a floresta de Gombe é o local com o maior e mais detalhado estudo de animais em seu habitat natural no mundo.
O paleoantropólogo acreditava que a “paixão e o conhecimento de animais e da natureza, a alta energia e a coragem a tornavam uma ótima candidata para estudar os chimpanzés”. E que “a falta de treinamento acadêmico formal de Jane era vantajosa porque ela não seria enviesada pelo pensamento tradicional e poderia estudar chimpanzés com uma mente aberta”.
Dito e feito. Após algum tempo observando os grandes primatas de longe, Jane recebeu a permissão de um dos chimpanzés líderes para se aproximar. Logo, os demais chimpanzés do grupo aprovaram a sua convivência também. “Eles nunca tinham visto um macaco branco antes”, brincou Goodall em 2019.
A etóloga nomeou o líder do bando de David Greybeard. Na época, a comunidade de etologia viu a ação como imprópria: como uma mulher sem diploma ousava entrar em contato com os animais e dar nome a eles, em vez de simplesmente se referir aos bichos como números?
Acontece que foi exatamente essa proximidade e amor quase familiar pelos chimpanzés que fez Jane perceber que esses animais tinham emoções e personalidades próprias. Assim, conseguiu observar comportamentos de afeto entre a comunidade, como abraços, beijos e carinhos. Mas também constatou que chimpanzés poderiam ser agressivos quando queriam: viu fêmeas matando filhotes de outras para manter a dominância e machos iniciando guerras entre o bando.
Fazendo parte do bando, Jane descobriu que os chimpanzés…
Fonte: Superinteressante
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Vitor Francisco Ferreira é professor Titular Livre do Departamento de Tecnologia Farmacêutica da Universidade Federal Fluminense (UFF). O texto abaixo foi publicado originalmente no site The Conversation.
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