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Chamadas de vídeo travadas podem te atrapalhar a conseguir um novo emprego
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Chamadas de vídeo travadas podem te atrapalhar a conseguir um novo emprego

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 07:01

3 min de leitura

“Tá me ven–? C–segue me ouv–?”, zumbe uma voz robótica. Do outro lado da tela, alguma coisa meio pixelada te encara, esperando você decifrar a pergunta. Entre espasmos aqui e ali, esse mosaico de quadradinhos quase lembra os contornos da cabeça de alguém. Você abre a boca, ameaça uma resposta e um bloco de texto pisca na sua cara: “A conexão de internet está instável”. Passam dois ou três segundos de aviso antes de tudo congelar de vez. Chamada de vídeo encerrada.

Quando a pandemia obrigou a humanidade a se isolar, as chamadas de vídeo se tornaram um recurso indispensável para quase tudo no dia a dia. Desde a época que os usuários diários da plataforma de videoconferência Zoom saltaram de 10 milhões para 300 milhões, entrevistas de emprego, consultas médicas e até audiências judiciais passaram a serem feitas cada vez mais no formato.

A razão é óbvia: o vídeo cria a ilusão de uma conversa cara a cara muito melhor do que uma simples ligação por áudio. Mas o que acontece quando algo quebra essa ilusão?

Foi essa dúvida que motivou um trio de cientistas americanos a conduzir uma série de estudos sobre os glitches – algo como “falha” em inglês e que é a palavra mais usada para se referir a telas engasgadas. Os resultados foram publicados na revista Nature.

A mera presença dessas engasgadas parece ser suficiente para influenciar significativamente a tomada de decisão das pessoas. É uma hipótese relevante, considerando que quase um quarto de todas as chamadas de vídeo travam.

Durante a pesquisa, os autores avaliaram a diferença entre as reações de pessoas expostas a vídeos “limpos” e falhados (mas sem nenhuma perda de informação). Confira um dos vídeos mostrados abaixo:

Em um dos experimentos, eles observaram que candidatos em entrevistas de emprego tinham menos chance de ganhar a vaga quando a ligação era instável. O mesmo vale para a telemedicina: se um conselho médico vinha travado, a tendência era que ele tivesse menos adesão – a confiança caía de 77% para 61%.

Pode parecer um contrassenso – em uma enquete, 70% das pessoas afirmaram que essas falhas tinham pouca ou nenhuma influência sobre seus julgamentos. Porém o que está em jogo é algo muito mais profundo da psicologia humana: a estranheza.

Você já deve ter ouvido falar do “vale da estranheza”, um conceito emprestado da robótica e da pesquisa da animação. A ideia é que quando algo que parece muito um ser humano começa a dar os mais sutis sinais de que na verdade não é, nosso cérebro responde com extrema repulsa (pense nos gatos bizarros do musical Cats de 2019, ou daquelas IAs de vídeo que geram rostos humanos sem nenhum expressão).

O mesmo acontece quando as cabeças falantes de uma videoconferência começam a se comportar das maneiras mais bizarras. Uma gororoba de cores deforma o rosto, a voz sai em tons de ruído digital e a boca não acompanha as palavras. Quando essa ilusão de presença é quebrada, a nossa mente fica muito inquieta.

Próximo candidato, por favor

Fonte: Superinteressante

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