
Envelhecimento saudável: é possível?
Publicado em 22 de setembro de 2025 às 16:00
2 min de leituraPerdemos muito tempo, na evolução do saber humano, tentando evitar ou reverter o processo de envelhecimento, em detrimento de desvendar suas muitas nuances biológicas, psíquicas e sociais. Em parte, isso se explica por um temor secular de que esta é a fase que antecede a morte – sem atentar que isso só acontecia, no passado, numa minoria dos casos. Na maior parte das vezes, os nascidos vivos morriam ainda crianças ou jovens, o que lhes privava de envelhecer.
Foi na metade do século 20 que essa condição começou a mudar. A queda dos índices de mortalidade infantil e, consequentemente, dos de fertilidade e natalidade, propiciaram um progressivo aumento da expectativa média de vida e, consequentemente, a maior probabilidade de envelhecer. Resumindo, enquanto a ínfima minoria dos nossos ancestrais conseguiu superar a sexta década de vida (60+), a enorme maioria dos atuais recém-natos superará a oitava (80+).
Decorre dessa transição epidemiológica um desafio tão complexo e impactante quanto o enfrentamento das mudanças climáticas previstas e já verificadas neste século 21: modificar este modelo atual de envelhecimento, permeado de multimorbidades crônicas e sua decorrente polifarmácia. Sem o correto e premente enfrentamento de ambos, a saúde planetária humana será insustentável.
Ou nos educamos, o mais rápido possível, para envelhecer com saúde ou não teremos recursos, mesmo em países desenvolvidos, para atender às demandas de uma crescente população de idosos com limitações funcionais precoces e irreversíveis.
Se não aderirmos a um estilo de vida que minimize os fatores de risco das doenças crônicas ou das suas agudizações, participarmos efetivamente das estratégias de rastreio das moléstias ainda assintomáticas e compartilharmos da responsabilidade de diagnosticar e tratar as enfermidades de forma eficaz, estaremos nos condenando a uma longevidade complicada por muitas disfunções por um período longo e sofrido.
Ninguém merece uma punição como essa.
Podemos viver bem, por muito tempo, mas isso é uma tarefa para a vida toda, que requer uma constante educação, desde a infância, de agregar valores positivos à saúde que trarão benefícios no presente e no futuro, enquanto os maus hábitos determinarão sequelas que não tardarão a se manifestar.
Portanto, envelhecer com saúde não é apenas possível, é imprescindível!
Wilson Jacob Filho é geriatra, professor da Faculdade de Medicina da USP, diretor da Unidade de Cardiogeriatria do Incor e membro do conselho de administração do Hospital Sírio Libanês.
Fonte: Superinteressante
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