
Estudo diz que um minuto de exercício por dia pode transformar sua saúde. Será?
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 18:00
3 min de leituraFonte: Superinteressante
Um esforço de apenas um minuto por dia pode transformar a saúde de milhões de pessoas. É o que sugere um novo estudo liderado por Emmanuel Stamatakis, da Universidade de Sydney (Austrália), que investigou o impacto de breves episódios de atividade física intensa no risco de mortalidade precoce.
Muita gente tem uma relação de amor e ódio com exercício físico. Ter força para sair da cama no frio, por exemplo, para levantar uns pesos nem sempre é fácil (às vezes, nem no calor).
E claro: não é todo mundo que tem tempo ou dinheiro para frequentar academias. Separar 40 minutos diários na rotina para um treininho aeróbico pode parecer fácil – mas, para a grande maioria dos brasileiros, não é.
Por isso, os pesquisadores australianos se perguntaram: o tempo que passamos fazendo esforço no dia a dia não intencionalmente, como subir uma pequena ladeira a pé ou carregar crianças no colo, faz diferença no nosso corpo?
De acordo com os resultados preliminares, pode ser que sim. Escolher por andar na escada rolante do shopping talvez seja a razão pela redução da sua probabilidade de morrer por causas naturais nos próximos anos.
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Para os autores, praticar cinco ou seis atividades vigorosas, cada uma com duração de apenas 10 segundos, por dia, pode ser decisivo para sua saúde. Mas é preciso dizer desde já que o estudo foi publicado como pré-print na plataforma medRxiv. Isso significa que ele ainda não passou pela revisão por pares (cientistas que não participaram do artigo), etapa essencial para a validação da pesquisa.
A ideia da pesquisa começou em 2023, com uma outra análise. Na época, os pesquisadores relataram resultados de dezenas de milhares de pessoas que participaram do estudo do Biobanco do Reino Unido. Segundo a pesquisa-mor, os indivíduos que praticavam cerca de 4 minutos de atividades vigorosas por dia tinham 38% menos probabilidade de morrer de qualquer causa nos sete ou oito anos seguintes em comparação com aqueles que não praticavam nenhuma.
Para o estudo mais atual, pesquisadores acompanharam mais de 3.300 participantes do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), nos Estados Unidos. Os envolvidos eram pessoas que já participavam de grandes estudos de saúde. Para eles foi pedido que usassem monitores por uma semana para avaliar seus níveis normais de atividade.
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O grupo, em média mais sedentário e com maior prevalência de obesidade do que a população britânica estudada anteriormente, apresentou resultados surpreendentes: apenas 1,1 minuto diário de atividades vigorosas — como subir rapidamente uma ladeira, brincar com energia com crianças ou carregar peso — foi suficiente para reduzir os mesmos 38% do risco de morte por qualquer causa natural ao longo de seis anos.
“Para pessoas menos ativas, até pequenas doses de esforço intenso parecem trazer ganhos desproporcionais”, explica Stamatakis. Esse fenômeno, conhecido como ceiling effect, ou efeito do teto, significa que quem já é fisicamente apto tem menos espaço para melhorar, enquanto os sedentários colhem benefícios mais imediatos com pequenas mudanças.
Embora os dados reforcem a noção de que breves picos de atividade física podem ser tão importantes quanto treinos estruturados, os autores alertam para limitações. Trata-se de um estudo observacional, incapaz de provar a causalidade de forma definitiva.
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As descobertas se somam a uma crescente evidência de que não é preciso frequentar academias nem reservar longas horas semanais para se proteger contra doenças cardiovasculares e envelhecimento precoce. Ainda assim, autoridades de saúde recomendam que adultos mantenham como meta pelo menos 150 minutos de exercício moderado ou 75 minutos de exercício vigoroso por semana, além de atividades de fortalecimento muscular em dois dias.
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O texto abaixo saiu originalmente na Revista Questão de Ciência, em 2021.