
Microplásticos já estão no ar do mundo inteiro, aponta estudo
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 14:00
2 min de leituraFonte: Superinteressante
A poluição plástica costuma ser lembrada pelas imagens de tartarugas presas em sacolas ou pelas ilhas de lixo que flutuam nos oceanos. Mas a ciência tem mostrado que o problema vai muito além do que se vê. Fragmentos microscópicos de plástico, invisíveis a olho nu, não apenas contaminam a água e os alimentos: eles também circulam no ar que respiramos.
Foi essa a conclusão de uma revisão publicada recentemente na revista científica Current Pollution Reports por pesquisadores da Universidade de Manchester. O trabalho reuniu quase cem estudos sobre microplásticos (menores que 5 milímetros) e nanoplásticos (com menos de 1 micrômetro), investigando especificamente sua presença na atmosfera.
Os resultados revelam que essas partículas podem viajar milhares de quilômetros em poucos dias, atravessando fronteiras, cadeias de montanhas e até atingindo regiões polares. Assim, elas estão sujeitas a processos semelhantes aos de poeira ou fuligem: são transportadas pelo vento, depositam-se em solos, rios e mares, e retornam à atmosfera em ciclos sucessivos.
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Apesar de sua relevância, o fenômeno ainda é pouco quantificado. As estimativas variam entre menos de 800 toneladas e quase 9 milhões de toneladas de plásticos liberados no ar por ano. Essa discrepância torna quase impossível avaliar com precisão a exposição humana.
“A escala de incerteza em torno da quantidade de plástico que entra em nossa atmosfera é alarmante”, disse o professor Zhonghua Zheng, autor principal do estudo, em comunicado.
Para enfrentar essa lacuna, os pesquisadores defendem a criação de uma rede internacional de monitoramento, com métodos padronizados de coleta e análise. Outra sugestão é o uso de inteligência artificial para processar os grandes volumes de dados e aprimorar os modelos que simulam o comportamento das partículas em condições atmosféricas complexas. “Se quisermos proteger as pessoas e o planeta, precisamos de melhores dados, melhores modelos e coordenação global”, afirma Zheng.
Impactos sobre a saúde
O Fórum Econômico Mundial colocou a poluição plástica entre as dez maiores ameaças globais de 2025. O alerta não é exagero. Pesquisas recentes identificaram microplásticos em órgãos humanos como pulmões, fígado, cérebro, articulações e sangue.
Um estudo coordenado pela médica Kjersti Aagaard, da Universidade Baylor, analisou placentas e encontrou associação entre a concentração de micro e nanoplásticos e partos prematuros. Em entrevista ao The Guardian, ela explicou: “É surpreendente pensar que algo tão onipresente e aparentemente inerte como o plástico possa estar relacionado a desfechos clínicos tão significativos”.
A exposição ocorre por várias vias. Além da inalação de partículas suspensas no ar, microplásticos já foram encontrados em frutos do mar, vegetais, mel, açúcar, água potável e chá. Até mesmo um único grama de chiclete pode conter mais de 600 fragmentos, segundo uma análise feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia.
Estima-se que cada pessoa ingira, beba ou respire entre 78 mil e 211 mil partículas por ano. O Fórum Econômico Mundial destaca que a presença dessas partículas no organismo pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como infartos e derrames, além de contribuir para mortes prematuras.
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