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Nintendo declara que mods não são “arte prévia”: o que isso significa para a comunidade?
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Nintendo declara que mods não são “arte prévia”: o que isso significa para a comunidade?

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 11:36

3 min de leitura

A batalha judicial entre Nintendo e Pocketpair (desenvolvedora do Palworld) acabou de tomar uma direção que pode mudar para sempre o cenário da criação independente nos videogames. Em uma jogada controversa no Tribunal Distrital de Tóquio, a gigante japonesa está argumentando que modificações (mods) não deveriam ser consideradas “arte prévia” em disputas de patentes. Se essa estratégia funcionar, pode ser o início do fim para a comunidade de modders como a conhecemos hoje.

A decisão da Nintendo não é apenas sobre o caso Palworld – é um precedente que pode afetar milhões de criadores independentes ao redor do mundo que dedicam tempo e talento para expandir e reimaginar seus jogos favoritos.

O que está realmente em jogo nesta disputa

Para entender a gravidade da situação, precisamos voltar ao básico do direito de patentes. Quando alguém registra uma patente, ela só é válida se a ideia for genuinamente original. É aqui que entra o conceito de “arte prévia” – qualquer evidência de que aquela mecânica ou conceito já existia antes do registro da patente.

A Pocketpair, em sua defesa, reuniu diversos exemplos de mods que implementaram mecânicas similares às patenteadas pela Nintendo em 2021. Um dos casos mais emblemáticos é o Pocket Souls, uma modificação para Dark Souls 3 que transformou o jogo sombrio em uma aventura no estilo Pokémon, completa com batalhas de treinadores e captura de criaturas.

O argumento da defesa é simples e lógico: se modders já estavam criando essas mecânicas antes de 2021, então a Nintendo não pode reivindicar exclusividade sobre elas. Mas a empresa japonesa discorda veementemente.

A estratégia arriscada da Nintendo

A posição da Nintendo é que mods não deveriam contar como arte prévia porque dependem de outros jogos para funcionar. Em outras palavras, eles argumentam que uma modificação não é uma criação independente e, portanto, não deveria ter peso legal para invalidar patentes.

Florian Müller, especialista em litígios da Gamesfray, não poupou críticas a essa abordagem, chamando-a de “quase insultante”. E ele tem razões para estar preocupado. Se os tribunais aceitarem esse argumento, estaremos abrindo um precedente extremamente perigoso para toda a indústria.

Imagine um cenário onde grandes empresas podem simplesmente ignorar a criatividade dos modders, registrar patentes sobre mecânicas que eles desenvolveram primeiro, e depois processá-los por usar suas próprias criações. Parece um pesadelo distópico, mas pode ser nossa nova realidade.

Quando mods se tornaram gigantes da indústria

A ironia de tudo isso fica ainda mais evidente quando lembramos que alguns dos jogos mais influentes da história começaram exatamente como mods. Counter-Strike, por exemplo, nasceu como uma modificação para Half-Life em 1999. O que começou como um projeto de fãs se tornou uma das franquias de FPS mais lucrativas do mundo.

Pela lógica que a Nintendo está propondo, Counter-Strike não seria considerado inovação real. Isso significa que qualquer empresa poderia, teoricamente, patentar as mecânicas que fizeram o jogo famoso, mesmo anos depois de sua criação original.

Também temos outros exemplos na indústria: Defense of the Ancients (DotA) começou como um mod de Warcraft III e gerou todo o gênero MOBA. Dayz transformou um mod de Arma 2 em um fenômeno standalone. A lista continua, mas o padrão é claro – muitas das inovações mais importantes dos games vieram da criatividade não-corporativa.

O que os modders podem fazer para se proteger

Fonte: Hardware.com.br

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