Pular para o conteúdo
Nitazeno: novo derivado da droga é detectado no Brasil
Tecnologia
nitazeno
novo
derivado
droga
detectado
brasil

Nitazeno: novo derivado da droga é detectado no Brasil

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 19:00

2 min de leitura

O nitazeno é um substância sintética cinquenta vezes mais potente que o fentanil – opioide que protagoniza uma epidemia de drogas nos Estados Unidos. Agora, um novo composto dessa classe de drogas, conhecido como N-pirrolidino protonitazeno, causou a primeira hospitalização no Brasil, segundo pesquisadores da Unicamp.

A substância foi detectada em um paciente atendido no Hospital de Clínicas de Campinas após o consumo de uma dose de ecstasy adulterado.

O homem chegou ao pronto-socorro com sonolência intensa e perda de consciência, sintomas comuns de intoxicação grave por opioides. O quadro se estabilizou após a administração de naloxona, um antídoto usado em casos de overdose.

O risco vai além do poder letal. “Essas substâncias misturadas [o N-pirrolidino protonitazeno e o ecstasy] causam efeitos inesperados. As pessoas usam drogas misturadas, e, por exemplo, podem fazer o uso de antidepressivos. Isso acaba potencializando os efeitos. Pense que são os mesmos receptores do cérebro recebendo todos esses estímulos”, explica José Luiz da Costa, coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp, para o g1 Campinas.

O N-pirrolidino protonitazeno pertence ao grupo de drogas conhecidas como novas substâncias psicoativas (NSPs) – compostos criados em laboratório que imitam o efeito de drogas conhecidas, mas são quimicamente diferentes o suficiente para escapar da legislação vigente.

“Alguns nitazenos foram sintetizados no passado como tentativa de serem fármacos analgésicos, mas nunca foram para o mercado, justamente por não terem margem de segurança terapêutica. No caso do componente N-pirrolidino protonitazeno, nunca foi nem testado”, Costa ao g1.

A descoberta ocorreu no âmbito do Projeto Baco, uma parceria entre o CIATox e o Ministério da Justiça, que entre 2022 e 2025 analisou amostras de saliva de frequentadores de festas em todo o país. O estudo revelou que mais de 70% dos voluntários haviam consumido drogas ilícitas, e que a maioria desconhecia as substâncias realmente presentes no que haviam ingerido.

Entre as drogas mais encontradas estavam MDMA, cocaína e metanfetamina, mas também apareceram compostos menos conhecidos – derivados do MDMA, cetamina e catinonas sintéticas.

Nos Estados Unidos, o fentanil foi responsável por cerca de 78 mil das 105 mil mortes por overdose em 2023. Como outros opioides, ele é usado em contexto clínico para sedação e manejo de dor. Ele é 100 vezes mais potente que a morfina e 50 vezes mais que a heroína. O nitazeno, por sua vez, é 50 vezes mais potente que o fentanil.

Fonte: Superinteressante

Leia também