
Adeus, Papanicolau: como funciona o novo teste de HPV no SUS
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 17:59
3 min de leituraSe você é mulher e odeia fazer o Papanicolau, há boas notícias. O exame mais temido das consultas ginecológicas começa a ser substituído no Sistema Único de Saúde (SUS) por um teste de biologia molecular muito mais sensível, moderno e totalmente desenvolvido no Brasil.
Chamado de teste DNA-HPV, o método identifica o papilomavírus humano (HPV) – principal causa do câncer do colo do útero – antes mesmo de surgirem lesões.
A tecnologia detecta 14 genótipos do vírus, incluindo os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos da doença. Produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o exame já está disponível em unidades do SUS de diversos estados e será gradualmente ampliado para todo o país até 2026.
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer do colo do útero é o terceiro mais frequente entre as mulheres brasileiras, provocando cerca de 20 mortes por dia, especialmente entre aquelas com menor acesso a serviços de saúde.
O desenvolvimento da doença é lento e ocorre a partir de infecções persistentes pelo HPV, que são comuns: “Estima-se que 80% das mulheres sexualmente ativas tenham contato com o vírus ao longo da vida. Mas a maior parte dessas infecções é resolvida pelo próprio organismo. É a infecção persistente que causa danos celulares contínuos e pode evoluir para o câncer do colo do útero”, disse à Super a patologista clínica Annelise Wengerkievicz Lopes, diretora da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Ou seja: a presença do HPV não significa que a mulher tenha câncer. No entanto, é necessário acompanhamento e exames adicionais. “Podemos diagnosticar muito antes do desenvolvimento da doença, permitindo um rastreio precoce e mais eficaz”, diz Annelise.
O que muda no diagnóstico
Durante décadas, o principal método de rastreamento foi o Papanicolau, criado em 1928 pelo médico grego George Papanicolaou. Ele se baseia na coleta de um raspado de células do colo do útero, que são colocadas numa lâmina e analisadas por um profissional treinado para visualizar alterações que possam ser sugestivas de transformação para o câncer.
“O objetivo é detectar essas alterações antes que elas se tornem um câncer, porque o tratamento é muito mais favorável quando a doença ainda não se desenvolveu. Mas, por depender da observação ao microscópio de um especialista, o método traz alguns desafios: é preciso ter profissionais experientes, e há variação entre observadores – muitas vezes os diagnósticos não são totalmente concordantes”, afirma a patologista.
Já o teste de DNA-HPV utiliza PCR (reação em cadeia da polimerase), técnica que amplifica pequenas quantidades de DNA do vírus, tornando possível detectá-lo com precisão. É o mesmo princípio usado nos testes de Covid-19 e permite analisar centenas de amostras ao mesmo tempo, identificando os tipos de maior risco.
A coleta é parecida com a do Papanicolau, envolvendo a secreção do colo do útero, mas o procedimento tende a ser mais rápido e menos desconfortável. Isso porque, ao contrário do exame tradicional, não é necessário raspar muitas células nem espalhá-las manualmente em uma lâmina.
Fonte: Superinteressante
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O texto abaixo foi publicado originalmente no Jornal da Unesp.
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