
Quem foi Johanna Döbereiner – e como sua pesquisa economiza R$ 10 bilhões ao Brasil todos os anos
Publicado em 23 de outubro de 2025 às 08:00
2 min de leituraA cientista Johanna Döbereiner transformou profundamente a agricultura brasileira. Suas descobertas sobre bactérias capazes de fixar o nitrogênio do ar dispensaram o uso de adubos químicos em culturas como a soja, tornando o país uma potência agrícola sustentável e economicamente competitiva.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os resultados práticos de seu trabalho representam uma economia anual de até US$ 2 bilhões em fertilizantes nitrogenados, o equivalente a mais de R$ 10 bilhões por ano.
Graças às pesquisas conduzidas por Johanna a partir da década de 1950, o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de soja – e o fez seguindo um caminho oposto ao das nações desenvolvidas, ao apostar na biotecnologia natural em vez de depender de insumos industriais.
Döbereiner dedicou a vida a estudar as bactérias fixadoras de nitrogênio (BFN), microrganismos que vivem nas raízes das plantas e transformam o nitrogênio atmosférico – um gás abundante, mas inutilizável pelas plantas em sua forma natural – em compostos assimiláveis. Esse processo, conhecido como fixação biológica de nitrogênio (FBN), permite que culturas como a soja se desenvolvam sem necessidade de fertilizantes artificiais.
Na prática, a técnica consiste em inocular as sementes com bactérias específicas, como as do gênero Rhizobium. Quando a planta germina, forma nódulos nas raízes que funcionam como pequenas “usinas” biológicas, capazes de extrair o nitrogênio do ar e transformá-lo em nutriente.
Foi uma revolução. Na década de 1960, quando a agricultura mundial apostava nos fertilizantes químicos, Johanna contrariou a tendência.
“Naquela época, ir contra a adubação química era quase um sacrilégio”, disse a pesquisadora em entrevista à Veja em 1996. “Só muito tempo depois vi que nossas pesquisas não só permitiam uma produção mais barata, como também mais ecológica, porque não poluíam os rios nem o solo.”
A aplicação da técnica se tornou essencial para o programa brasileiro de melhoramento da soja, iniciado em 1964. Desde então, o país aboliu o uso de adubos nitrogenados nessa cultura, o que garantiu ao Brasil uma vantagem econômica e ambiental duradoura.
Johanna nasceu em 28 de novembro de 1924, em Aussig, na antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca e Eslováquia). Sua juventude foi marcada pela Segunda Guerra Mundial.
Filha do químico Paul Kubelka e de Margarethe Kubelka, viveu perseguições políticas e familiares: os pais, de origem alemã, se opuseram ao regime nazista e ajudaram judeus a fugir. O pai foi preso, e a mãe acabou morrendo em um campo de concentração tcheco em 1945, após o fim da guerra.
Após perder a mãe, Johanna trabalhou como operária rural na Alemanha para sustentar os avós, que morreram no mesmo ano. Foi nesse período, convivendo com o trabalho no campo, que despertou seu interesse pela agricultura.
Fonte: Superinteressante
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