
Vulcão tido como extinto há 700 mil anos dá sinais de atividade, alerta estudo
Publicado em 20 de outubro de 2025 às 18:00
2 min de leituraPor cerca de 700 mil anos, o vulcão Taftan, no sudeste do Irã, não registrou qualquer evidência de atividade vulcânica. Sem erupções conhecidas desde o Pleistoceno (época geológica que durou de cerca de 2,6 milhões a 11.700 anos atrás), era classificado como extinto.
No entanto, um novo estudo, publicado na revista Geophysical Research Letters, indica que o gigante adormecido pode estar despertando. Entre julho de 2023 e maio de 2024, o solo no topo do vulcão subiu cerca de 9 centímetros, sinal de que algo se agita sob a superfície.
A descoberta foi feita por uma euipe internacional liderada por Mohammadhossein Mohammadnia, da Universidade de Hong Kong, e Pablo González, do Instituto de Produtos Naturais e Agrobiologia (IPNA-CSIC), na Espanha.
Usando imagens de radar do satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia, os pesquisadores detectaram uma deformação progressiva e prolongada do terreno – um tipo de movimento associado, em muitos casos, ao acúmulo de gases ou fluidos subterrâneos.
O Taftan é um estratovulcão de 3.940 metros, situado na fronteira entre o Irã e o Paquistão, dentro do arco vulcânico de Makran, uma cadeia formada pela subducção da Placa Arábica sob a Placa Eurasiana.
Embora ativo do ponto de vista geotérmico – com fumarolas (aberturas que liberam gases quentes e enxofre) e fontes termais –, nunca houve registro histórico de erupções. O material mais recente datado nas encostas tem cerca de 710 mil anos.
Essa ausência de atividade visível levou os cientistas a classificá-lo como extinto. No entanto, desde 2023, moradores da região começaram a relatar emissões gasosas fortes, perceptíveis até a cidade de Khash, a 50 quilômetros do cume. As observações levaram Mohammadnia a reexaminar dados de satélite e identificar um inchaço gradual do terreno.
A equipe descartou causas externas, como chuvas intensas ou terremotos, que poderiam deformar o terreno. A elevação não coincidiu com eventos sísmicos relevantes, e a região é árida, com precipitação insuficiente para explicar o fenômeno.
O levantamento revelou que a fonte da deformação está entre 490 e 630 metros de profundidade – muito mais rasa que o reservatório de magma principal do vulcão, estimado entre 3,5 e 9 quilômetros. Isso sugere que o processo ocorra dentro do sistema hidrotermal, uma rede subterrânea de vapor e água quente alimentada indiretamente pelo calor do magma profundo.
Os cientistas trabalham com duas hipóteses principais. A primeira envolve mudanças na permeabilidade das rochas, que podem ter aprisionado gases e causado aumento da pressão, levando ao “inchaço” do solo.
A segunda considera a possibilidade de uma pequena intrusão de magma nas camadas inferiores, liberando gases que subiram e se acumularam nas rochas mais rasas.
Fonte: Superinteressante
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