
O que acontece com o corpo humano durante uma onda de calor? Entenda os riscos
Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 18:00
3 min de leituraNos últimos dias, uma onda de calor atingiu São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de grandes áreas do Espírito Santo e do Mato Grosso do Sul. Classificada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) como evento de “grande perigo”, a situação levou à emissão do alerta vermelho, o nível mais alto da escala usada pelo órgão.
As temperaturas ficaram cerca de 5 °C acima do normal para a época do ano. Em SP, os termômetros chegaram a 37,2 °C, um recorde para dezembro. No Rio, milhares de pessoas procuraram postos de saúde após passarem mal por causa do calor. Mesmo em um país acostumado a temperaturas altas, a combinação de calor muito forte, vários dias seguidos e ar abafado torna o cenário mais perigoso do que parece.
O corpo humano funciona melhor dentro de uma faixa estreita de temperatura, pouco acima de 36,5 °C. Para manter esse equilíbrio, o organismo usa um conjunto de mecanismos automáticos. Quando o ambiente esquenta demais, o corpo tenta se livrar do excesso de calor. A principal estratégia é mandar mais sangue para a pele e produzir suor.
Com mais sangue circulando perto da superfície do corpo, o calor interno é levado para fora. O suor, ao entrar em contato com o ar, evapora e ajuda a esfriar a pele. Esse processo é essencial quando o calor é intenso. O problema começa quando o ambiente está quente demais ou muito úmido. Nesses casos, o suor não evapora direito. O corpo continua tentando se resfriar, mas o calor fica “preso” dentro dele.
Para dar conta desse esforço, o coração acelera os batimentos. Ao mesmo tempo, a grande perda de líquidos pelo suor pode levar à desidratação. Com menos água no corpo, o sangue circula com mais dificuldade, e a pressão pode cair.
Os primeiros sinais costumam ser comuns e muitas vezes subestimados: cansaço fora do normal, dor de cabeça, sede forte, câimbras, inchaço nas pernas e irritação na pele.
Se a pessoa continua exposta e não consegue se hidratar ou se refrescar, o quadro pode piorar. Surge então a chamada exaustão pelo calor. Nessa fase, aparecem sintomas mais evidentes, como tontura, náuseas, vômitos, confusão, fraqueza intensa e até desmaios. O coração passa a trabalhar no limite, o que aumenta o risco de problemas graves, principalmente em quem já tem alguma doença.
Quando a temperatura do corpo sobe demais, chegando perto ou acima de 40 °C, ocorre o choque térmico, uma situação de emergência. O corpo perde a capacidade de se resfriar sozinho.
O funcionamento do cérebro é afetado, e órgãos vitais começam a falhar. Podem surgir convulsões, perda de consciência e danos graves aos rins, ao fígado e ao cérebro. Mesmo quando a pessoa é socorrida a tempo, as consequências podem aparecer dias depois e, em alguns casos, levar à morte.
O risco é ainda maior em ambientes quentes e abafados. O ar úmido dificulta a evaporação do suor, que é justamente o principal meio de resfriamento do corpo.
Falta de vento, exposição direta ao sol, roupas apertadas ou pesadas e esforço físico intenso agravam a situação. Trabalhos ao ar livre, cozinhas industriais, canteiros de obras e locais com muita gente reunida concentram vários desses fatores ao mesmo tempo.
Fonte: Superinteressante
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Francisco José Torcal Milla é Professor Titular do Departamento de Física Aplicada da Universidade de Zaragoza. O texto a seguir foi originalmente publicado no site The Conversation, que reúne artigos escritos por pesquisadores. Vale a visita.
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Laura Elin Pigott é professora sênior de Neurociências e Neurorreabilitação na Faculdade de Saúde e Ciências da Vida, London South Bank University. Este artigo foi republicado do The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
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