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Pela primeira vez, médicos transplantam rim com tipo sanguíneo modificado
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Pela primeira vez, médicos transplantam rim com tipo sanguíneo modificado

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 16:00

2 min de leitura

Em 2024, mais de 6 mil brasileiros receberam transplantes de rins. O país tem um dos maiores sistemas públicos de transplantes do mundo, mas 42 mil ainda estão na fila de espera.

Agora, cientistas realizaram pela primeira vez um experimento que pode um dia ajudar a reduzir o tempo de espera para pacientes que precisam de transplante. Os pesquisadores usaram enzimas para converter o tipo sanguíneo de um rim doado e, em seguida, transplantaram o órgão para um paciente com morte cerebral.

O processo ainda precisa ser refinado: o órgão funcionou bem de início, mas, após dois dias, começou a ser rejeitado pelo corpo do receptor.

Quando viu os dados pela primeira vez, o pesquisador Jayachandran Kizhakkedathu, coautor do estudo, virou a noite para, ao amanhecer, liga para o colega e também coautor, Stephen Withers. Os dois pesquisam a tecnologia há décadas. “Fiquei muito emocionado. Foi um momento que parecia muito um sonho”, ele contou, em comunicado. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Biomedical Engineering.

A necessidade de compatibilidade entre os tipos sanguíneos é um dos obstáculos em transfusões de sangue e transplantes. Vamos revisar a matéria da escola: existem quatro grupos sanguíneos principais: A, B, O e AB.

Algumas células sanguíneas também têm um antígeno relacionado a uma proteína chamada fator Rh, enquanto outras não. Como isso, formam oito categorias: A+ (fator Rh positivo), A- (fator Rh negativo), B+, B-, O+, O-, AB+ e AB-.

Os antígenos do tipo A são incompatíveis com antígenos do tipo B: quando misturados, o corpo receptor ataca o antígeno oposto como se fosse um invasor, e rejeita o órgão.

Entretanto, o grupo O é único: ele não possui antígenos A e B. Isso significa que indivíduos com sangue do grupo O podem doar para pacientes com sangue dos grupos A, B e AB, desde que outros antígenos, incluindo o fator Rh, não entrem em conflito.

Normalmente, é preciso que doador e receptor tenham o mesmo tipo sanguíneo para que o transplante de órgão seja bem-sucedido. Existe uma solução alternativa para esse problema: nos dias que antecedem o transplante, os receptores recebem tratamentos intensivos para suprimir o sistema imunológico e esgotar seus anticorpos, na esperança de que o corpo não ataque o novo órgão e as células que ele produz.

Isso só funciona se o paciente receber um órgão de um doador vivo, não de um doador falecido. Órgãos de doadores falecidos devem ser transplantados imediatamente, e não há tempo suficiente para o receptor se submeter aos tratamentos necessários do sistema imunológico antes da cirurgia.

A conversão do tipo sanguíneo do órgão poderia resolver isso, e vem sendo estudada há alguns anos. Outras pesquisas já haviam descrito o mecanismo de remoção do antígeno A, e outras já haviam testado isso em órgãos isolados.

Fonte: Superinteressante

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