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Por que 480p ainda é chamada de “definição padrão”? A resposta está na história; entenda
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Por que 480p ainda é chamada de “definição padrão”? A resposta está na história; entenda

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 12:50

3 min de leitura

A história das resoluções de tela carrega uma contradição curiosa: mesmo com telas em 4K dominando o mercado e os 8K já disponíveis, o antigo e clássico 480p continua oficialmente classificada como “definição padrão” (SD). Parece um anacronismo técnico — e é. Mas essa nomenclatura revela muito sobre como a indústria audiovisual evoluiu sem abandonar completamente seu passado.

A evolução silenciosa dos padrões de vídeo

Quando falamos em Full HD (1080p), sabemos exatamente o que esperar: 1920×1080 pixels totalizando cerca de 2 milhões de pontos na tela. É alta definição consolidada. Mas voltemos algumas décadas: 640×480 pixels — a resolução VGA — eram suficientes para assistir TV ou trabalhar no computador.

Essa resolução nasceu em 1987, quando a IBM lançou a linha PS/2 e introduziu o padrão VGA (Video Graphics Array). Em três anos, tornou-se universal na indústria de PCs compatíveis.

O curioso é que o VGA permaneceu como ‘modo de segurança’ dos sistemas operacionais por décadas — quando drivers gráficos falhavam, o Windows revertia para 640×480. Mesmo com o abandono gradual do conector VGA físico nos dispositivos modernos, o conceito de fallback para baixa resolução persiste como medida de compatibilidade

Paralelamente, o mundo televisivo trabalhava com suas próprias limitações. O padrão NTSC americano, estabelecido em 1941 e atualizado para cores no início dos anos 1960, transmitia 525 linhas entrelaçadas (das quais apenas 480 eram visíveis). Quando os DVDs chegaram ao mercado, adotaram 720×480 pixels como resolução padrão para NTSC — mas com um truque técnico: os pixels não eram quadrados. Essa peculiaridade exigia que players corrigissem a proporção durante a reprodução para exibir imagens 4:3 ou 16:9 corretamente.

No Brasil, a história tomou um rumo peculiar. O país adotou em 19 de fevereiro de 1972 o PAL-M, um padrão híbrido único no mundo. Enquanto a Europa usava PAL com 625 linhas e 50 Hz, o Brasil manteve a mesma estrutura técnica do NTSC — 525 linhas, 29,97 Hz — mas com a modulação de cores do sistema PAL europeu. Essa adaptação garantiu compatibilidade com os televisores em preto e branco já instalados no país, que funcionavam no sistema M americano.

Curiosamente, 1972 foi um ano emblemático para o Brasil: além da chegada da TV em cores via PAL-M, foi também quando Emerson Fittipaldi se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial de Fórmula 1, conquistando o título em 10 de setembro (ou outubro, conforme algumas fontes) no Grande Prêmio da Itália em Monza. Com apenas 25 anos, oito meses e 29 dias, Fittipaldi se tornou o campeão mais jovem da história da F1 até então — recorde que durou 33 anos.

Na prática, o PAL-M brasileiro era tecnicamente quase idêntico ao NTSC, compartilhando largura de banda de 4,2 MHz, frequência de áudio em 4,5 MHz e as mesmas 525 linhas de resolução. A principal diferença residia na forma como as cores eram transmitidas — o PAL alternava as fases do sinal para autocorrigir distorções, enquanto o NTSC não possuía esse mecanismo.

Quando os DVDs chegaram ao mercado, adotaram 720×480 pixels como resolução padrão para NTSC — mas com um truque técnico: os pixels não eram quadrados. Eles tinham formato retangular. Essa peculiaridade exigia que players corrigissem a proporção durante a reprodução para exibir imagens 4:3 ou 16:9 corretamente. Discos brasileiros seguiam essa mesma especificação, herdando as limitações do padrão M.

Nomes técnicos permaneceram congelados no tempo. O 480p ainda carrega oficialmente o rótulo SD (Standard Definition), apesar de representar apenas uma fração dos padrões atuais.”

Com seus 307.200 pixels totais na versão 4:3, o 480p oferece apenas cerca de 15% da definição do Full HD. É como chamar um disquete de ‘armazenamento padrão’ em plena era dos SSDs de terabytes.

O que realmente conta como “padrão”?

Uma dúvida comum surge ao observar a classificação SD: resoluções abaixo de 480p também são consideradas “definição padrão”? A resposta é não.​

A nomenclatura SD (Standard Definition) abrange exclusivamente duas resoluções:​

Fonte: Hardware.com.br

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