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Seu cão é medroso ou agressivo? Estudo revela que o motivo pode estar nos primeiros meses de vida
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Seu cão é medroso ou agressivo? Estudo revela que o motivo pode estar nos primeiros meses de vida

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 08:00

2 min de leitura

Uma das maiores pesquisas já realizadas sobre comportamento canino confirmou o que tutores e adestradores há muito tempo suspeitavam: as experiências vividas nos primeiros meses de vida deixam marcas duradouras no comportamento dos cães.

O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Harvard e publicado na revista Scientific Reports, analisou dados de 4.497 cães de 211 raças e mostrou que abusos, negligência ou abandono antes dos seis meses de idade aumentam significativamente as chances de o animal desenvolver medo e agressividade na fase adulta.

O levantamento utilizou o questionário comportamental C-BARQ, respondido por tutores de países de língua inglesa, que relataram o histórico, o ambiente e as reações típicas de seus animais diante de situações comuns – como barulhos fortes, contato com estranhos e convivência com outros cães.

A equipe, coordenada por Julia Espinosa, do Departamento de Biologia Evolutiva Humana de Harvard, constatou que cerca de um terço dos cães avaliados (33%) havia enfrentado algum tipo de adversidade precoce, incluindo punições físicas, separação prolongada da mãe, acidentes graves ou medo intenso provocado por humanos.

Os resultados mostraram que os cães que passaram por esse tipo de experiência apresentaram, em média, níveis de agressividade entre 6% e 7% mais altos e cerca de 7% mais altos de medo em comparação aos que não viveram traumas precoces.

Esse impacto foi tão relevante quanto o de fatores biológicos, como idade ou sexo, e superior ao da convivência com outros cães. Em outras palavras, as primeiras vivências de um filhote podem influenciar seu temperamento tanto quanto a genética.

Além disso, o estudo apontou um efeito acumulativo: quanto maior o número de experiências negativas na “infância canina”, maior a probabilidade de o cão se tornar medroso ou agressivo. Os pesquisadores observaram ainda que os efeitos são mais intensos quando o trauma ocorre antes dos seis meses e tendem a diminuir se acontecem mais tarde, na adolescência ou já na vida adulta.

Os cientistas também identificaram diferenças entre raças. Algumas, como American Eskimo Dog, Siberian Husky e American Leopard Hound, mostraram sensibilidade mais alta a traumas precoces, com aumentos notáveis nos níveis de medo e agressividade.

Já Labradores e Golden Retrievers se mostraram mais resilientes, mantendo padrões de comportamento estáveis mesmo após situações adversas. Essa diferença sugere que a herança genética pode tornar certas linhagens mais vulneráveis – ou mais resistentes – ao estresse.

“A ancestralidade da raça e a experiência individual interagem para moldar o comportamento socioemocional dos cães”, escrevem os autores, reforçando que o temperamento é resultado da combinação entre genes e ambiente.

Outro ponto destacado no artigo é a importância da socialização precoce – o período entre a terceira e a décima segunda semana de vida –, quando os filhotes aprendem a lidar com estímulos e a formar vínculos seguros. Cães que tiveram contato positivo com pessoas, outros animais e diferentes ambientes nessa fase mostraram maior tolerância ao estresse na vida adulta.

Fonte: Superinteressante

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