
Após mais de 50 anos, cientistas abrem amostras da Lua trazidas pela Apollo 17
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 18:00
3 min de leituraCientistas abriram pela primeira vez uma amostra lunar que estava lacrada desde 1972. O feito ocorre mais de 50 anos após a última missão tripulada da Apollo pousar na Lua.
O material, coletado pelos astronautas Gene Cernan e Harrison Schmitt durante a Apollo 17, foi analisado com técnicas modernas e revelou algo inesperado: o interior da Lua contém uma forma incomum do átomo de enxofre, diferente da encontrada na Terra.
A descoberta, liderada por James Dottin, professor assistente de ciências da Terra, ambientais e planetárias na Universidade Brown, foi publicada no Journal of Geophysical Research: Planets e pode oferecer novas pistas sobre a origem e a evolução da Lua.
Quando as missões Apollo trouxeram rochas lunares à Terra, parte delas foi intencionalmente mantida selada para ser estudada apenas no futuro, quando a tecnologia de análise estivesse mais avançada. Uma dessas amostras foi armazenada em um cilindro metálico conhecido como tubo de acionamento duplo. Para a coleta, esse tubo foi cravado cerca de 60 centímetros no solo lunar em uma região chamada Taurus-Littrow, onde a Apollo 17 pousou.
A NASA manteve o tubo lacrado em hélio, sem contato com o ar atmosférico, dentro do programa Apollo Next Generation Sample Analysis (ANGSA) – uma iniciativa para preservar materiais lunares intactos até que novos instrumentos científicos permitissem análises mais precisas.
Com o apoio do consórcio de pesquisa LunaSCOPE, Dottin obteve acesso à amostra e usou um equipamento inexistente em 1972: o espectrômetro de massa de íons secundários, capaz de medir com alta precisão a proporção de diferentes isótopos – versões de um mesmo elemento químico que variam no número de nêutrons.
Ao examinar o material do tubo, a equipe de Dottin descobriu que o enxofre presente ali era diferente de qualquer coisa já observada na Terra. Em particular, havia pouco enxofre-33, um dos quatro isótopos estáveis do elemento.
Esse conceito merece um parênteses de explicação. Os quatro isótopos são diferentes versões do átomo de enxofre. A diferença entre eles e o número de nêutrons, o que influencia sua massa atômica. O enxofre sempre tem 16 prótons – esse é seu “RG”, o número que garante que aquele é um átomo de enxofre. Sua massa atômica é obtida somando os prótons com os nêutrons. O enxofre-33 (que “pesa” 33), então, tem 17 nêutrons. Os outros isótopos estáveis do enxofre são o enxofre-32, enxofre-34 e enxofre-36.
“Antes disso, pensava-se que o manto lunar tinha a mesma composição de isótopos de enxofre que a da Terra”, disse Dottin em comunicado. “Era isso que eu esperava ver ao analisar essas amostras, mas, em vez disso, vimos valores muito diferentes de tudo o que encontramos na Terra.”
Segundo o cientista, o primeiro impulso foi duvidar do próprio resultado: “Meu primeiro pensamento foi: ‘Meu Deus, isso não pode estar certo’. Então, voltamos para garantir que tínhamos feito tudo corretamente, e fizemos. São resultados surpreendentes.”
James Dottin e o coautor Brian Monteleone analisam dados da análise de espectrometria de massa de íons secundários de amostras da Apollo 17.Brown University scientist/Reprodução Essa diferença é importante porque as proporções de isótopos funcionam como uma espécie de “impressão digital química”. Quando dois corpos celestes compartilham os mesmos padrões isotópicos, isso sugere uma origem comum ou uma forte interação entre eles.
Fonte: Superinteressante
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