
Cerveja psicodélica pode ter ajudado Império pré-inca a consolidar poder
Publicado em 12 de outubro de 2025 às 12:00
2 min de leituraA civilização Huari (ou Wari) habitou a região dos Andes entre os anos 500 d.C. e 1000 d.C. O império dominava quase toda a área em que hoje está o Peru, além de partes da Argentina e do Chile, e sua capital, também chamada Huari, ficava localizada a 25 km de Aiacucho, no Peru. O povo é conhecido por seus enterros de múmias, sacrifícios humanos e objetos complexos feitos de ouro, prata e bronze.
Os Huari também tinham uma arquitetura complexa e sistemas de estradas sofisticados, e serviram como modelo para o Império Inca, que dominou a região nos séculos seguintes.
Agora, um novo estudo sugere que o crescimento dessa civilização pode ter sido impulsionado por uma cerveja com substâncias psicodélicas. O artigo foi publicado no periódico La Revista de Arqueología Americana.
A ideia começou a se desenvolver quando os pesquisadores observaram que sementes de Anadenanthera colubrina, uma planta com efeitos psicodélicos conhecida como vilca, estavam frequentemente presentes em sítios arqueológicos dos Huari, principalmente perto de restos de cerveja feita a partir de outra planta chamada Schinus molle.
No estudo, os autores explicam que beber a mistura dos dois materiais causava uma brisa duradoura – mesmo com o corpo excretando psicodélicos rapidamente, os efeitos podem continuar sendo sentidos, em maior ou menor grau, por mais de uma semana.
Os pesquisadores argumentam, com base em outros estudos científicos envolvendo psicodélicos de ação semelhante, que o consumo da substância torna as pessoas mais “abertas e empáticas”. Assim, os autores sugerem que essa leveza causada pela brisa ajudou os governantes Huari a expandir seu império e anexar outros povos sob seu domínio.
Essas características (abertura e empatia) “seriam desejáveis para o sistema político Huari, que dependia de interações presenciais amigáveis e rotineiras entre pessoas que antes eram estranhas ou até inimigas”, escreveram os pesquisadores em seu artigo.
As pessoas teriam bebido a cerveja psicodélica juntas em banquetes comunitários realizados em áreas fechadas nas residências de autoridades Huari. “Quando os convidados chegavam aos complexos, eles se reuniam em pátios que acomodavam confortavelmente apenas algumas dezenas de pessoas”, escreveu a equipe.
“Eles ficavam isolados do resto do mundo em um espaço interno com paredes altas — este era o lugar onde passavam horas juntos bebendo, comendo, conversando e rezando”, diz o artigo. “As horas que os participantes passaram juntos devem ter sido uma experiência coletiva inesquecível que criou laços fortes entre os participantes.”
Fonte: Superinteressante
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Laura Elin Pigott é professora sênior de Neurociências e Neurorreabilitação na Faculdade de Saúde e Ciências da Vida, London South Bank University. Este artigo foi republicado do The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
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