
Como funciona um teste de detecção de metanol na bebida alcoólica?
Publicado em 4 de outubro de 2025 às 13:56
2 min de leituraAté a manhã deste sábado (03), o Brasil já registra 127 casos notificados de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas em 12 estados. Dentre esses, apenas 11 casos já foram confirmados por exames laboratoriais. Ao menos cinco pessoas já morreram em decorrência de complicações da intoxicação.
A presença de metanol em bebidas não é necessariamente criminosa: no processo de fermentação de vegetais, pequenas quantidades podem surgir naturalmente, mas em níveis residuais e seguros. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) permite até 200 mg de metanol por litro de álcool puro. Mesmo bebidas fortes como a cachaça não chegam nem perto de ser álcool puro: a concentração costuma variar entre 38% e 54%.
Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, a quantidade permitida de metanol em um destilado é de aproximadamente 0,25 ml da substância a cada 100 ml de bebida destilada. Para provocar a morte, entretanto, é preciso de 1 ml de metanol por quilo – ou seja, uma pessoa de 70 quilos teria de consumir 70 ml.
A diferença é tão grande que praticamente elimina a possibilidade de este metanol que está causando as intoxicações ter sido produzido naturalmente. As ocorrências envolveram bares e vítimas de diferentes perfis, e a principal suspeita é que o surto atual esteja ligado à falsificação de bebidas.
Como ainda não há clareza sobre quais as bebidas contaminadas, o conselho geral é evitar bebidas destiladas de origem duvidosa ou muito baratas, checar rótulos e selos de certificação das garrafas. É um momento conveniente para repensar o consumo de álcool, mas é impossível impedir as pessoas de beberem.
Por isso, o Ministério da Saúde corre para adquirir antídotos e reforçar protocolos de atendimento e notificação, e pesquisadores tentam viabilizar ferramentas de testagem para detecção de metanol. A boa notícia é que a tecnologia já existe, tanto em pesquisas científicas quanto em uma patente da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de 2022, que nunca chegou a ser produzida comercialmente.
“A patente está disponível há três anos para que alguma empresa produza um kit analítico e o venda. A demora acontece porque o controle de metanol em bebidas estava sendo negligenciado, até acontecer uma catástrofe de nível nacional como a de agora”, disse, ao g1, a química Larissa Alves de Mello Modesto, que desenvolveu a pesquisa em 2022.
No laboratório Reaja, que produz reagentes para testes colorimétricos de substâncias, os químicos James Kava e Fabiano Soares estudam formas de transformar o teste em um produto comercial.
Os testes colorimétricos servem para apontar a presença de algum componente específico, sem indicar quantidades ou composição. Um exemplo famoso é o reagente de Scott, que fica azul na presença de cocaína – e aparece muito nos programas de flagrantes em aeroportos.
A ideia seria que os donos de bares e restaurantes pudessem testar suas bebidas com autonomia e praticidade.
Fonte: Superinteressante
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