
Como os pets se transformaram em parte fundamental da economia brasileira
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 19:00
2 min de leituraO Brasil vive uma silenciosa revolução doméstica. Com lares cada vez menores e um número crescente de pessoas adiando – ou simplesmente descartando – a ideia de ter filhos, os animais de estimação ocupam um novo espaço na estrutura familiar e na economia do país: o de verdadeiros e únicos herdeiros.
De acordo com levantamento do Instituto Quaest, o Brasil é hoje o terceiro país com mais animais de estimação no mundo. Enquanto o tamanho médio das famílias caiu de 3,62 pessoas em 2003 para 2,8 em 2022, a proporção de pets por residência disparou, alcançando 2,3 animais por domicílio.
Mas o fenômeno ultrapassa o afeto. Ele está moldando o consumo, o mercado de trabalho e as políticas públicas. Uma tese de doutorado da economista Clécia Satel, da Universidade de São Paulo (USP), mostra que entre 2002 e 2018 o número de famílias brasileiras que declararam gastos com pets quase triplicou, passando de 11,7% para 30,2%.
“Antigamente, os gastos eram praticamente com ração e medicamentos, e agora temos variedades de serviços e itens, desde roupas até petiscos que alimentam grandes indústrias”, afirma Satel para o Jornal da USP.
O estudo, baseado em três edições da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2002-2003, 2008-2009 e 2017-2018), revela que o gasto médio mensal com animais cresceu 145% no período, subindo de R$ 8,32 para R$ 20,42. Em famílias com maior renda e escolaridade, o valor chega a ultrapassar R$ 88 por mês.
A nova família tradicional brasileira
Os números traduzem uma mudança cultural profunda. O arranjo “casal com dois filhos ou mais” caiu 10% entre 2003 e 2018, enquanto os casais sem filhos cresceram 114%. E são justamente esses casais – menores, urbanos e com maior poder aquisitivo – os que mais investem em seus animais.
Nas classes médias e altas, o gasto com planos de saúde veterinários, adestramento e hospedagem é expressivo. A razão de concentração para esses serviços – uma medida que indica quanto o consumo é dominado pelos mais ricos – ultrapassa 0,9 em quase todos os casos, aproximando-se da exclusividade de luxo.
Segundo a tese da pesquisadora, esse fenômeno é conhecido como pet parenting (algo como “criação de pets como filhos”). Na prática, isso significa que os bichinhos são vistos e tratados como membros da família, tal qual os filhos humanos.
Casas com maiores rendas, especialmente nas regiões Sul, Centro-Oeste e no Estado de São Paulo, são as que mais gastam com os pets.
A economia pet em expansão
Fonte: Superinteressante
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