
Geomitologia: como fósseis podem ter inspirado lendas de grifos, ciclopes e dragões
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 12:00
2 min de leituraNo dia 26 de dezembro de 2004, às 07:58, um terremoto de magnitude 9,3 atingiu o Sudeste Asiático, num ponto do Oceano Índico próximo à Indonésia. Um tsunami gigantesco seguiu os tremores, com ondas de até 30 metros de altura. Foi o maior desastre natural do século 21 – e um dos maiores da História.
Quase 228 mil pessoas em 14 países da região morreram. Nenhuma delas, porém, era da etnia Moken. Esse povo indígena habita as centenas de ilhas próximas da costa de Mianmar e da Tailândia e leva um estilo de vida nômade, conectado ao mar: pescam e coletam alimentos na água, migrando periodicamente para não esgotar os recursos.
No dia da tragédia, esses exímios mergulhadores notaram que a maré regredia além do normal. No folclore Moken, isso é um mau presságio: o monstro marinho Laboon chegaria à areia, cuspindo água e devorando pessoas. Para escapar da criatura, era preciso subir para os pontos mais altos das ilhas, e foi o que eles fizeram. Não só os Moken sobreviveram ao devastador tsunami como ajudaram a salvar vidas, já que alertaram outras populações locais sobre a ameaça iminente.
Os Moken, claro, sabem que o Laboon não é um monstro de verdade, e sim uma representação metafórica do tsunami. Mas foi com essa lenda, transmitida até hoje oralmente para as novas gerações (os Moken não têm tradição de escrita) que eles conseguiram preservar seu conhecimento.
A lenda do Laboon é o que podemos chamar de “geomito” – uma história folclórica que remete a um fenômeno da natureza misturado com elementos fantásticos. Ao longo de toda a História, humanos de todas as etnias criaram narrativas do tipo para tentar descrever o mundo à sua volta. Mas só recentemente cientistas e historiadores passaram a reconhecer que essas histórias guardam informações valiosas, tanto sobre como povos antigos viam o mundo como sobre a própria natureza em si.
Nos próximos parágrafos, vamos entender como elementos reais podem ter inspirado mitos famosos – e o que a geomitologia revela sobre os conhecimentos tradicionais da humanidade.
Quem conta um conto…
A percepção de que mitos folclóricos carregam um fundinho de verdade é antiga. No século 4 a.C., o filósofo grego Evêmero fundou o evemerismo, corrente que tentava explicar de forma racional as lendas locais. Ela defendia que deuses, heróis e guerras épicas da mitologia eram baseadas em pessoas e eventos reais, que foram exageradas e ficcionalizadas ao longo das gerações.
No mesmo século, outro grego, o escritor Paléfato, já trazia uma explicação cética para o mito do herói Cadmo, suposto fundador da cidade de Tebas. Segundo a lenda, Cadmo teria matado um dragão e semeado seus dentes; desta “plantação”, surgiram os espartanos.
Fonte: Superinteressante
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