
Metanol: o que é, como vai parar em bebidas alcoólicas e por que pode ser fatal
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 19:00
3 min de leituraO Brasil enfrenta um surto incomum de intoxicações por metanol em São Paulo, ligado ao consumo de bebidas alcoólicas que provavelmente foram adulteradas. O governador Tarcísio de Freitas informou em coletiva nesta terça-feira (30) que, até o momento, cinco mortes foram identificadas. Destas, uma foi confirmada e quatro seguem em investigação. Segundo ele, ao todo, o estado de São Paulo registra 22 casos – entre suspeitos e confirmados –, dos quais 17 ainda estão sendo apurados.
Normalmente, o país registra em torno de 20 casos por ano, principalmente entre pessoas em situações de vulnerabilidade social, como pessoas em situação de rua ou trabalhadores expostos a álcool industrial, que têm mais risco de ingerir produtos adulterados ou mal identificados.
Desta vez, no entanto, as ocorrências envolveram bares, adegas e vítimas de diferentes perfis, o que levou as autoridades a classificarem a situação como “anormal”.
Embora as marcas e locais específicos não tenham sido divulgados, as bebidas adulteradas eram destilados de marcas conhecidas, como gin e vodca, que teriam sido batizados com metanol antes de serem vendidos. Uma das vítimas, Rafael dos Anjos Martins Silva, está em estado irreversível, segundo relatos da família. Outra, Rhadarani Domingos, ficou cega após ingerir caipirinhas em um bar da capital.
Diante do quadro, o Ministério da Justiça determinou que a Polícia Federal verifique a origem do metanol e possíveis conexões com o crime organizado. A suspeita é de que o produto tenha vindo de estoques ilegais usados anteriormente para adulteração de combustíveis.
Uma adega na Zona Sul e três bares da capital paulista, localizados nos Jardins (Zona Oeste) e na Mooca (Zona Leste), são investigados.
O que é o metanol?
O metanol (CH₃OH) é um tipo de álcool, semelhante ao etanol (C₂H₆O) consumido em bebidas alcoólicas, mas muito mais tóxico. É um líquido incolor e inflamável, com cheiro parecido com o álcool comum, o que dificulta sua identificação a olho nu. Diferente do etanol, pequenas quantidades de metanol podem ser letais, e seu consumo nunca é seguro.
Na indústria, é usado como matéria-prima para produzir solventes, tintas, plásticos, adesivos e combustíveis. No Brasil, também é empregado na fabricação de biodiesel. Devido à sua toxicidade e ao risco de uso indevido, sua produção, transporte e comercialização são rigidamente controlados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O perigo está na forma como ele é metabolizado pelo corpo. Quando ingerido, o fígado converte o metanol primeiro em formaldeído – um produto químico altamente tóxico usado, entre outras coisas, na conservação de cadáveres – e depois em ácido fórmico, outra substância prejudicial. Esses produtos são chamados de metabólitos, ou seja, moléculas geradas quando o organismo processa uma substância.
Enquanto o etanol é metabolizado em acetato, uma molécula que o corpo consegue aproveitar como fonte de energia, o metanol produz substâncias que interferem nas funções celulares. O ácido fórmico em especial danifica as mitocôndrias, organelas responsáveis por gerar energia dentro das células.
Quando as mitocôndrias são comprometidas, o corpo entra em acidose metabólica, uma condição em que o sangue se torna excessivamente ácido, prejudicando órgãos vitais e o funcionamento geral do organismo.
A cegueira, por exemplo, é um dos efeitos mais característicos da intoxicação por metanol. Ela ocorre por causa da forma como o ácido fórmico ataca a retina, a camada do olho que capta luz e transforma em imagens. A retina possui uma concentração muito alta de mitocôndrias, pois precisa de muita energia para funcionar.
Fonte: Superinteressante
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