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O que causa a dislexia? Pesquisa com 1,2 milhão de pessoas aponta pistas genéticas
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O que causa a dislexia? Pesquisa com 1,2 milhão de pessoas aponta pistas genéticas

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 19:00

2 min de leitura

Ler parece uma atividade automática para a maioria das pessoas. No entanto, para quem tem dislexia, transformar símbolos em palavras pode ser um desafio diário, acompanhado de tropeços na leitura, na escrita e até na compreensão de instruções verbais.

Mais do que uma dificuldade escolar, trata-se de uma condição do neurodesenvolvimento que pode marcar a vida acadêmica, profissional e pessoal de quem convive com ela. Em alguns, aparece logo na alfabetização; em outros, só se revela diante de demandas mais complexas, como interpretar textos longos ou produzir redações.

O impacto também é variável, indo de casos leves – muitas vezes nunca diagnosticados – a situações graves que exigem apoio pedagógico especializado. No total, cerca de 1 em cada 10 pessoas no mundo é afetada, o que corresponde a aproximadamente 814 milhões de pessoas.

Esse alcance global ajuda a explicar o esforço da ciência em compreender melhor as raízes da dislexia. Um estudo recém-publicado na revista Translational Psychiatry apresenta o maior levantamento genético já feito sobre a condição.

Liderada pela geneticista molecular Hayley Mountford, da Universidade de Edimburgo, a pesquisa reuniu dados genômicos de mais de 1,2 milhão de pessoas. O trabalho identificou 80 regiões do DNA associadas à dislexia, incluindo 36 não descritas anteriormente e, dentro desse grupo, 13 nunca antes ligadas à condição.

Estudos com gêmeos já haviam mostrado que a dislexia tem forte base genética, com estimativas de hereditariedade variando entre 40% e 60%. Faltava, no entanto, compreender quais genes estariam envolvidos. Até pouco tempo, os estudos genômicos sobre o tema esbarravam em amostras pequenas.

Para superar essa limitação, os cientistas combinaram dois grandes conjuntos de dados: um levantamento da empresa 23andMe, com 51,8 mil casos de dislexia autodeclarada e mais de 1 milhão de controles; a meta-análise do consórcio GenLang, com 27 mil indivíduos avaliados em testes de leitura de palavras.

Usando uma técnica chamada análise multivariada de associação genômica (MTAG), que integra resultados de diferentes estudos para aumentar a potência estatística, os pesquisadores chegaram a uma amostra efetiva de mais de 1,22 milhão de participantes.

Os genes em destaque

Entre as novas regiões genéticas encontradas, muitas estão relacionadas ao desenvolvimento precoce do cérebro, em especial à formação de circuitos neuronais. Algumas delas também se sobrepõem a genes associados ao TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), condição que frequentemente ocorre em conjunto com a dislexia.

O estudo também observou correlações genéticas com nível educacional, desempenho cognitivo e até mesmo com condições de dor crônica. Embora o mecanismo ainda não esteja claro, a sobreposição sugere que fatores biológicos comuns possam influenciar tanto as diferenças de leitura quanto a sensibilidade à dor.

Fonte: Superinteressante

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