
Pequena estatueta pode ser o retrato mais antigo de um viking
Publicado em 1 de setembro de 2025 às 19:00
4 min de leituraFonte: Superinteressante
Pequena estatueta pode ser o retrato mais antigo de um viking Artefato de apenas três centímetros foi redescoberto no Museu Nacional da Dinamarca e está ajudando historiadores a repensar a imagem que se tem dos vikings. Um artefato de apenas três centímetros de altura está ajudando historiadores a repensar a imagem que se tem dos vikings. Esculpida em marfim de morsa, a pequena estatueta foi classificada pelo Museu Nacional da Dinamarca como o primeiro “retrato” de um homem da Era Viking. Datada da segunda metade do século 10, a peça representa a figura de um rei do jogo de tabuleiro Hnefatafl, predecessor do xadrez, popular entre os nórdicos e levado por eles em expedições à Inglaterra. O objeto foi encontrado em 1796, em um túmulo equestre no fiorde de Oslo, na Noruega, mas passou mais de dois séculos esquecido nos arquivos do museu, até ser redescoberto recentemente pelo curador Peter Pentz durante a preparação de uma exposição. A estatueta retrata um homem com penteado minuciosamente trabalhado: risca ao meio, ondulação lateral sobre as orelhas e a parte de trás do cabelo cortada reta. O rosto exibe costeletas, bigode e uma longa barba de bode trançada. Segundo Pentz, trata-se de uma rara evidência da preocupação estética entre as elites vikings. “Se você pensa nos vikings como selvagens, esta figura prova o contrário. Ele é muito bem cuidado”, afirmou o curador em entrevista à AFP. Para ele, o penteado e a expressão revelam status e poder. “Um penteado como o dele, que é muito elegante – dá para ver um pequeno cacho ou tufo de cabelo caindo sobre as orelhas – sugere que esse cara está no topo. Ele poderia ser o próprio rei, o Rei Harald Bluetooth.” A hipótese ganha força pelo contexto histórico: Harald Dente-Azul (Bluetooth), que governou a Dinamarca no final do século 10, é conhecido por unificar o país, introduzir o cristianismo e conquistar brevemente a Noruega. Seu apelido estaria ligado a um dente escurecido, e foi ele que inspirou o nome da tecnologia sem fio moderna. “Agora podemos dizer: sim, talvez os vikings tivessem esse tipo de penteado. Isso nos mostra que, na Era Viking, eles se preocupavam muito em arrumar o cabelo. Este homem dedicou tempo para dividir o cabelo exatamente no meio, ajeitar as pequenas ondas sobre as orelhas. E cortar a parte de trás reta também foi difícil – ele não poderia ter feito sozinho. Teve ajuda”, afirmou em vídeo divulgado pelo museu. A Dinamarca na Era Viking Segundo o livro A History of Denmark from the Viking Age to the 21st Century, da Universidade de Aarhus, a Dinamarca emergiu como reino unificado justamente nesse período, sob Gorm, o Velho, e seu filho Harald Bluetooth. Foi uma era marcada pela consolidação política e pela crescente interação com o mundo cristão europeu. A sociedade viking dinamarquesa era estratificada: no topo, os reis e nobres (jarlar); abaixo, os homens livres (karls) e, na base, os escravizados (thralls). Embora a agricultura sustentasse a economia, o comércio marítimo foi decisivo. Os vikings dinamarqueses estabeleceram rotas que iam da Rússia e Constantinopla até a Inglaterra e a Irlanda, levando mercadorias como peles, ferro, âmbar e escravos. Culturalmente, os nórdicos produziam sobretudo arte ornamental, com motivos animais e geométricos, como se vê nas pedras rúnicas de Jelling – erigidas por Harald Bluetooth para celebrar suas conquistas e a cristianização do reino. Representações humanas individualizadas, ao contrário, eram raríssimas. Nesse sentido, a pequena peça de marfim contrasta com a norma artística e se torna ainda mais singular. Além da riqueza de detalhes no cabelo e na barba, a expressão do rosto chama atenção. “Alguns dizem que ele parece diabólico. Mas eu acho que parece mais como se tivesse contado uma piada. Ele está sorrindo”, comentou Pentz. O museu considera que, pela primeira vez, é possível descrever um penteado viking com tanto detalhe. “Eu quase diria que é um retrato. Não temos retratos da época dos vikings. Não há retratos dos nossos primeiros reis – Gorm, Harald, etc. Portanto, este aqui é de longe o melhor exemplo que temos de como os penteados vikings poderiam ter sido”, disse em vídeo. A peça, que agora ocupa posição de destaque na exposição Vølvens Varsel (“O Presságio da Völva”, em tradução literal), foi uma das primeiras a integrar a coleção do Museu Nacional da Dinamarca, recebendo o número 589. Hoje, o acervo reúne quase dois milhões de itens, desde machados da Idade da Pedra até objetos contemporâneos.
Leia também
- Cientistas descobrem buraco negro mais antigo conhecido, de 500 milhões de anos após o Big Bang
Um grupo internacional de cientistas, liderados pelos astrônomos da Universidade do Texas em Austin, identificou o buraco negro mais distante – e mais antigo – já encontrado. Ele e sua galáxia, a CAPERS-LRD-z9, já estavam presentes cerca de 500 milhões de anos depois do Big Bang, o que significa que esse buraco negro…
- Musk pode ganhar pacote salarial recorde de quase US$ 1 trilhão da Tesla
Atual pessoa mais rica do mundo por uma margem considerável, Elon Musk pode aumentar ainda mais o seu patrimônio nos próximos anos. Ao menos é isso que prevê um novo plano de pagamentos ao CEO proposto pelo quadro de diretores da montadora.
- Como a matemática pode ajudar a salvar o meio ambiente
Se é possível prever a chuva com base em dados meteorológicos, por que não prever a extinção de uma espécie ou a reação de uma floresta a um incêndio? Essa é a proposta da ecologia quantitativa, campo que leva a matemática para dentro da biologia.