
Por que o corpo não se destrói? Descoberta rende o Nobel de Medicina de 2025
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 18:00
3 min de leituraO Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2025 reconheceu três cientistas – a norte-americana Mary E. Brunkow, o norte-americano Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguchi – por elucidar um dos maiores enigmas da biologia: como o corpo humano evita atacar a si próprio.
Suas descobertas fundaram o campo da tolerância imunológica periférica, explicando o mecanismo que impede que células de defesa destruam tecidos saudáveis.
Brunkow, de 64 anos, é doutora pela Universidade de Princeton e pesquisadora sênior no Instituto de Biologia de Sistemas, em Seattle. Ramsdell, 65, doutor pela Universidade da Califórnia em Los Angeles, atua como consultor científico na Sonoma Biotherapeutics, em São Francisco.
Já Sakaguchi, 74, médico e Ph.D. pela Universidade de Kyoto e professor emérito da Universidade de Osaka, é considerado um dos principais nomes da imunologia moderna. Ao receber o prêmio, declarou estar surpreso e grato: “Quando comecei, poucos acreditavam nas minhas hipóteses. Acho que foi a teimosia que me trouxe até aqui”.
O prêmio, anunciado nesta segunda-feira (6) pelo Instituto Karolinska, na Suécia, será dividido entre os três pesquisadores e totaliza 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões).
O sistema imunológico é uma das engrenagens mais complexas do corpo humano. Ele nos protege diariamente de vírus, bactérias e outros microrganismos que tentam invadir o organismo – mas essa capacidade de ataque precisa ser cuidadosamente controlada. Quando o equilíbrio falha, o sistema pode se voltar contra o próprio corpo, provocando doenças autoimunes como diabetes tipo 1, lúpus e esclerose múltipla.
Durante boa parte do século 20, os cientistas acreditavam que esse controle ocorria apenas dentro do timo, uma glândula localizada no tórax onde as células de defesa (os linfócitos T) amadurecem. Lá, as células capazes de reconhecer tecidos saudáveis seriam eliminadas – um processo chamado de tolerância central. Mas, como revelou o trabalho dos laureados, essa era apenas parte da história.
O pesquisador Helder Veras Ribeiro Filho, do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e bolsista do Instituto Serrapilheira, explica à Super que o corpo humano precisou desenvolver, ao longo da evolução, “mecanismos muito finos de reconhecimento do que é próprio e do que é estranho”.
Segundo ele, o treinamento inicial das células T no timo evita que elas ataquem componentes do próprio organismo, mas o processo não é perfeito. “Algumas células escapam desse controle central e podem acabar reconhecendo elementos do próprio corpo como ameaças. É aí que entram os mecanismos de tolerância periférica, que controlam essas células e impedem que elas causem danos”, afirma.
Em 1995, o imunologista japonês Shimon Sakaguchi, então pesquisador do Aichi Cancer Center, em Nagoya, realizou experimentos que mudaram essa compreensão. Ao estudar camundongos que tinham o timo removido pouco após o nascimento, ele observou que os animais desenvolviam diversas doenças autoimunes. O resultado o levou a concluir que havia outro mecanismo de proteção fora do timo – uma espécie de “sistema de freios” periférico.
Sakaguchi identificou então um novo tipo de célula imune, as células T reguladoras (ou Tregs), caracterizadas por duas proteínas em sua superfície: CD4 e CD25. Essas células atuam como guardiãs do sistema imunológico, moderando as respostas de ataque e impedindo que outras células T destruam tecidos do próprio organismo.
Fonte: Superinteressante
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