
Por que somos obcecados em mandar objetos para a órbita da Terra?
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 16:00
2 min de leituraTony Milligan é professor associado de filosofia na University of Sheffield. O texto a seguir foi publicado originalmente no site The Conversation.
Além da corrida com fins científicos, comerciais e militares, há outra corrida espacial de um tipo mais curioso. Uma corrida para ser o primeiro a enviar vários objetos para lá. Mas por quê?
Em dezembro de 2024, monges budistas do Japão tentaram, sem sucesso, enviar um pequeno templo a bordo de um satélite para a órbita da Terra. O foguete chegou a mais de 110 km da Terra, tornando-se a primeira vez que o Dainichi Nyorai (o Buda do Cosmos) e a mandala foram transportados para o espaço sideral. Os monges esperam tentar colocá-los em órbita novamente no futuro.
O templo espacial tem o tamanho de uma caixa de entrega média da Amazon e é coberto por uma folha protetora dourada. O Buda fica sentado em um compartimento especial no seu topo. A ideia é que, com um número crescente de japoneses vivendo fora do Japão, as orações pelos entes queridos falecidos possam ser transmitidas ao Buda quando ele passar pelo céu.
Ser o primeiro é importante. Os seres humanos parecem ter uma preferência inata por ser os primeiros, sendo até mais propensos a escolher as primeiras opções ao serem apresentados a uma lista. É tentador explicar isso recorrendo ao que o médico austríaco Alfred Adler chamou de “complexo de inferioridade” – uma necessidade de continuar provando nosso valor.
Mas isso também pode ser simplesmente uma característica evolutiva que era genuinamente útil no passado, e que se transformou em preferências modernas mais curiosas, como esperar mais do primeiro filho ou votar no primeiro candidato da lista.
Além disso, por meio do que o biólogo Ernst Mayr chamou de “efeito fundador”, os pioneiros exercem uma influência desproporcional sobre o que acontece posteriormente.
A ideia original de Mayr era sobre genética populacional, e como os fundadores de uma população de organismos podem restringir a diversidade posterior. Mas o conceito tem sido aplicado de forma mais ampla para explicar por que aqueles que chegam ou agem primeiro tendem a ter uma influência desproporcional sobre os agentes posteriores.
Visto dessa forma, faz todo o sentido que as pessoas queiram ser as primeiras a enviar algo para o espaço. Mas a escolha dos objetos enviados nem sempre é tão óbvia. Ou melhor, há uma escala variável que vai do compreensível ao totalmente estranho.
Imortalidade, nostalgia e alienígenas
No extremo compreensível da escala, temos restos mortais de humanos, animais de estimação e até dinossauros. Não são pedaços grandes, apenas fios de cabelo ou cinzas.
Fonte: Superinteressante
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