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Review: Digimon Story Time Stranger tem músculo para peitar Pokémon
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Review: Digimon Story Time Stranger tem músculo para peitar Pokémon

Publicado em 6 de outubro de 2025 às 18:17

4 min de leitura

Quem viveu o final dos anos 1990 e início dos anos 2000 presenciou a ascensão e o confronto direto entre as duas principais franquias de capturar monstrinhos. Pokémon e Digimon foram febre e disputaram a atenção da molecada nas manhãs da TV brasileira e, mais que isso, reacenderam uma rivalidade histórica entre Record e Globo, entre as apresentadoras Eliana e Angélica.

O embate saudável entre Digimon e Pokémon moldou o caráter de muita gente que testemunhou esses dois titãs japoneses atingirem o auge da popularidade na virada do milênio. Apesar da disputa ferrenha nos animes, devo admitir: Pokémon sempre esteve em vantagem nos videogames – e assumo isso com certa tristeza, já que tenho mais apreço por Digimon.

Digimon Story Time Stranger, novo jogo produzido pela Bandai, chega dias antes de Pokémon Legends: Z-A, relembrando os bons tempos de concorrência na televisão. Olha, fazia tempo que eu não via Digimon tão seguro no próprio taco a ponto de “peitar” um game de Pokémon na mesma janela de lançamento, mas essa confiança tem explicação: Time Stranger é o melhor título da série. Simples assim.

Digimon Story Time Stranger: personificado

Concebidos sob os alicerces de Persona, Digimon Story: Cyber Sleuth e Digimon Story: Cyber Sleuth – Hacker’s Memory têm uma trama investigativa de filme, entrelaçada com a vida cotidiana, como cerne da experiência. Time Stranger também se apega à narrativa, à estrutura dos jogos anteriores, mas busca se desvincular do falatório, apostando em diálogos mais interessantes e objetivos.

Não se iluda: Time Stranger ainda é um RPG com foco na história, que desenvolve personagens sem pressa, mas que ao menos recompensa o jogador com ótimas interações entre humanos e Digimons – no plural mesmo, viu, Pokémon? Afinal, para quem não se lembra: sim, os monstrinhos falam aqui, não se limitando a repetir os próprios nomes, tal como acontece em outra franquia famosa por aí. E a Bandai ainda fez a boa: há suporte ao português do Brasil.

Em Time Stranger, você assume o papel de um agente da ADAMAS, uma organização sigilosa que opera nas sombras com a missão de investigar e conter fenômenos anômalos, rupturas entre o nosso mundo e o Digimundo. Cabe a você, portanto, agir como um detetive, tentando descobrir a origem dessas manifestações sobrenaturais.

A construção narrativa parece ter sido pensada como uma série de TV e sempre traz algum mistério que nos instiga a seguir para o próximo arco. Cliffhangers não faltam. O ritmo, contudo, não é dos melhores, visto que há explicações em excesso sobre praticamente tudo: história, mecânicas e personagens.

É preciso ser paciente nas primeiras seis, sete horas, que é o tempo que o jogo leva para se abrir e nos apresentar ao Digimundo, embora tenha menos enrolação e diálogos prolixos se comparado aos dois anteriores. Convém ressaltar, mais uma vez, que Time Stranger, assim como seus antecessores, continua sendo um game de Digimon com forte viés narrativo, um aspecto que pode dividir opiniões.

Um cartão-postal do Japão

Tanto quanto Persona, Digimon Story Time Stranger é um verdadeiro cartão-postal do Japão. Shinjuku, Akihabara e outros pontos turísticos marcantes de Tóquio estão representados com fidelidade e riqueza de detalhes, podendo ser explorados de cabo a rabo, ainda que os mapas sejam relativamente pequenos, com caminhos delimitados. Socializar com os NPCs dá gosto: todos têm algo curioso a compartilhar sobre esses lugares e os segredos que os cercam.

Tanto quanto Persona, Time Stranger é um cartão-postal do Japão

Imagem: Flow Games/Victor Teixeira

Bater perna na Tóquio de Time Stranger, ao contrário de como é na vida real (quem já pegou o metrô de lá sabe bem do que eu estou falando), é super simples: há indicadores para tudo. Os pontos de interesse são bem definidos, e você raramente se perde. Além disso, é possível fazer viagens rápidas a qualquer área, ao alcance de um botão, caso queira poupar fôlego.

A linearidade, no entanto, às vezes incomoda, sobretudo nas dungeons. Quase não existem rotas paralelas para seguir, nem mesmo nos momentos com mais gameplay. Os baús com itens e dinheiro quase sempre fazem parte do percurso e não causam qualquer surpresa quando os encontramos. Em outras palavras, há poucas brechas para explorar: o que se vê são longos corredores, por vezes vazios, nos quais tudo parece meio “espremido”.

Fonte: Flow Games

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