
Review: Lost Soul Aside é bom hack and slash raiz, mas com ideias fora de época
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 07:15
4 min de leituraFonte: TecMundo
Em uma realidade na qual a indústria do entretenimento normalizou o cancelamento de projetos em estágios avançados de desenvolvimento — inclusive de franquias consagradas — a pedido de investidores que sabem muito de dinheiro, mas nada de videogame, poucos títulos conseguem sobreviver. Por isso, é um verdadeiro milagre que Lost Soul Aside tenha visto a luz do dia depois de tanto tempo na obscuridade.
Como parte do China Hero Project, programa da Sony para amparar e mentorar projetos de desenvolvedoras chinesas, Lost Soul Aside, revelado ao público em 2017, tinha toda pinta de que seria cancelado, dada a ambição de seu pequeno estúdio, Ultizero Games, e pelo fato de seu protótipo ter sido feito por uma única pessoa, Yang Bing, hoje diretor e CEO.
O mais surpreendente, entretanto, é que todo esse investimento, tanto financeiro quanto de tempo, foi destinado a um game cujo gênero caiu em declínio ainda nos tempos do PlayStation 3, mas que faz muita falta numa época em que os jogos estão cada vez mais inexpressivos e saturados de conteúdo desnecessário.
Hack and slash dos bons
Acima de qualquer história, o que reina absoluto em Lost Soul Aside é o combate. Preciso destacá-lo antes de tudo porque é o grande foco da experiência e o que faz de melhor dentro daquilo a que se propõe. Pense nele como um RPG de ação, mas com pouco de RPG e muitos momentos de pancadaria frenética.
Uma mistura de Devil May Cry e Bayonetta, com um cadinho de Ninja Gaiden, além de uma estética abertamente inspirada em Final Fantasy, sobretudo no VII Remake e no XV. Sejamos honestos: trata-se de uma fusão de elementos difícil de dar errado – e, de fato, dá muito certo, ao menos no combate.
Em suma, o combate é pauleira como deve ser: ataques leves e pesados se entremeiam para lançar os inimigos ao ar, numa coreografia linda de ver. São os combos aéreos que ditam o compasso das batalhas, mas cada arma impõe um ritmo próprio e muito particular, seja no chão, seja no ar.
A alabarda, por exemplo, permite costurar golpes sem dar fôlego ao oponente, enquanto a espada larga se sobressai em sequências mais lentas no chão, porém poderosas o bastante para quebrar defesas com mais facilidade. Manipular esses equipamentos no DualSense é uma experiência tátil transformadora, já que cada um tem seu peso e grau de “gostosura”.
Reflexos aguçados
Tal qual em um Devil May Cry, o jogador é estimulado a trocar de armas regularmente, a depender da estratégia que o inimigo exige, mesmo no meio de um combo. Amassar botões para colocar a tendinite à prova é prática comum e faz parte do rolê, mas sem subestimar o poder de reação de quem você está enfrentando. Também é preciso saber a hora de parar de esmagar o controle.
Ter bons reflexos é fundamental, especialmente na hora de se defender. Kaser, nosso protagonista na jornada, consegue não só se esquivar de ataques como também apará-los no último instante, ao cintilar de um indicador azul na tela. A esquiva perfeita desacelera o tempo e cria brechas valiosas, e o parry deixa o adversário vulnerável por um breve período.
Digno de ser comparado com suas inspirações, Lost Soul Aside fez a lição de casa e soube internalizar as características que tornam títulos de character action tão especiais: diversão, fluidez e estilo. Por dar nova vida a um formato que caiu em desuso, é maravilhoso ver que o hack and slash das antigas ainda respira em pleno 2025.
Progressão e flerte com RPG
Embora não seja um RPG propriamente dito, Lost Soul Aside flerta com alguns elementos desse tipo de jogo, sem seguir a progressão padrão típica de produções modernas. Você pode evoluir as habilidades dos equipamentos e ampliar seu leque de combos por meio de uma robusta árvore de skills, o que engloba dezenas de nódulos desbloqueáveis.
Além disso, temos total liberdade para formar builds, uma vez que as armas têm seis compartimentos dedicados a acessórios, cada qual com seu buff. Mesmo não tendo um seletor de dificuldade na primeira jornada, você pode facilitar a jogatina com alguns adereços, nos moldes dos anéis de assistência de Final Fantasy XVI, que suavizam o dano sofrido.
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