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Sete em cada dez alunos do ensino médio usam IA generativa em pesquisas escolares
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Sete em cada dez alunos do ensino médio usam IA generativa em pesquisas escolares

Publicado em 17 de setembro de 2025 às 10:00

4 min de leitura

Sete em cada dez estudantes brasileiros do Ensino Médio, usuários da Internet, já recorrem a ferramentas de inteligência artificial generativa — como ChatGPT, Copilot e Gemini — para realizar pesquisas escolares. No entanto, apenas 32% dizem ter recebido orientação nas escolas sobre como utilizar essas tecnologias. É o que mostra a 15ª edição da TIC Educação, pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O levantamento foi lançado nesta terça-feira (16) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Ainda que em menor escala, o uso de IA generativa também aparece entre alunos dos anos iniciais (15%) e finais (39%) do Ensino Fundamental. Considerando o conjunto de estudantes usuários de Internet dos ensinos Fundamental e Médio, a proporção atinge 37%. Entre eles, apenas 19% afirmam ter sido instruídos por professores sobre como aplicar a tecnologia em atividades de aprendizagem.

Canais e apps de vídeo como ferramentas de busca

Fora das salas de aula, grande parte dos alunos utiliza tecnologias digitais, como plataformas educacionais e sites na Internet, em tarefas solicitadas pelos professores ou para aprender algo que seja de seu interesse. Entre as atividades citadas com maior frequência estão: buscar informações sobre uma matéria ou exercício que não entendeu bem (86%), pesquisar para fazer trabalhos escolares (84%) e usar a Internet ou aplicações para praticar algo que está aprendendo (78%).

Pela primeira vez, a pesquisa investigou os recursos adotados pelos estudantes na realização de pesquisas escolares. Embora 74% recorram a sites de busca, 72% mencionaram canais e aplicativos de vídeo como fontes de informação.

“A edição 2024 da pesquisa revela um cenário de transformações aceleradas. Vemos que a IA generativa já é uma realidade para mais de dois terços dos alunos do Ensino Médio, mas essa adoção ainda carece de mediação pedagógica estruturada para o uso crítico. Ao mesmo tempo, os dados mostram uma mudança no comportamento de busca por informação para realizar trabalhos escolares, com as plataformas de vídeo se tornando fontes de pesquisa tão relevantes para os alunos quanto os buscadores tradicionais”, pondera Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br | NIC.br.

Para a coordenadora do CGI.br, Renata Mielli, os indicadores sobre o uso de IA generativa pelos estudantes exigem atenção. “Precisamos compreender com maior profundidade de que forma está se dando este uso numa idade escolar que envolve processos de ensino e aprendizagem sobre contextos culturais, sociais e econômicos. Além de informações erradas que estas ferramentas podem oferecer, as respostas podem conter viéses de toda a ordem que, sem uma mediação adequada, podem interferir substancialmente no processo de formação de toda uma geração. Principalmente, se considerarmos, também, os limites que professores e o ambiente escolar como um todo ainda têm diante de uma tecnologia nova, e a ausência de orientações mais explicitas de como usar essas ferramentas, que ainda não contam com uma regulação.”

Formação docente

A TIC Educação 2024 aponta que 54% dos professores realizaram, nos 12 meses anteriores à pesquisa, atividades de desenvolvimento profissional contínuo voltadas ao uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e de aprendizagem. Na rede municipal, entretanto, esse percentual passou de 62% em 2021 para 43% em 2024.

Dentre os professores que participaram de iniciativas de atualização e formação, 82% fizeram cursos relacionados a plataformas, programas de computador ou aplicativos usados na criação de materiais didáticos. Além disso, 79% buscaram informações sobre como usar tecnologias digitais para adaptar as atividades aos ritmos de aprendizagem dos estudantes.

Já a participação em iniciativas de formação sobre como orientar os alunos a respeito do uso seguro de tecnologias digitais (69%), sobre educação midiática e uso crítico das mídias em sala de aula (68%) e uso de IA em atividades educacionais (59%) foram citados em menores proporções.

Educação digital e midiática

Em relação à oferta de educação digital e midiática para os alunos, 89% dos coordenadores pedagógicos afirmam que a instituição onde atuam promoveu atividades sobre temas relacionados a cyberbullying, exposição na Internet, integridade da informação, privacidade e disseminação de recursos baseados em IA e algoritmos. Entretanto, o desafio está na inserção desses temas nos conteúdos escolares de forma contínua e sistemática. Segundo 30% dos coordenadores, tais temáticas são abordadas com os alunos apenas quando há necessidade ou quando os estudantes possuem alguma dúvida. Em 49% das instituições, atividades sobre esses temas são realizadas uma ou duas vezes ao ano.

“O conjunto desses dados aponta para mudanças significativas no ecossistema educacional, reforçando a urgência de se discutir, não apenas o acesso, mas como promover o uso crítico, seguro e criativo das tecnologias digitais para a aprendizagem, de forma a garantir o bem-estar e os direitos de crianças e adolescentes”, avalia Barbosa.

Conectividade nas escolas

Fonte: Hardware.com.br – Notícias

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