
É possível que exista vida “invertida” no Universo?
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 12:00
2 min de leituraLefty’s é uma marca americana de produtos para canhotos. Ela fabrica a “versão esquerda” de tesouras, abridores de lata e itens de jardinagem. Destros representam 90% da população mundial – o que fez com que alguns objetos do dia a dia tenham sido pensados apenas para quem usa a mão direita.
Mas os clientes da Lefty’s precisam ficar ligados: a loja vende objetos que funcionam seja qual for a mão dominante. São lápis com a frase “canhotos arrasam” e canecas cuja estampa não fica virada para o rosto do canhoto (que é o que acontece com canecas normais). São alterações bacanas, mas
não essenciais.
Diferenciar um item útil (como a tesoura) de um indiferente (um lápis) é importante para que o canhoto faça valer o seu dinheiro. Mas essa distinção também reflete uma propriedade fundamental da química: a quiralidade. A tesoura é um objeto quiral, pois sua versão espelhada diverge da original. O lápis, não.
O termo “quiralidade” vem do grego kheir, que significa “mão”. Esse é o exemplo quiral por excelência, já que a mão direita é a versão espelhada da esquerda.
Coloque uma mão uma por cima da outra, com as costas delas viradas para cima, e você vai perceber que elas não se encaixam. Agora imagine um lápis, na vertical, na frente do espelho. O lápis espelhado cabe perfeitamente no objeto original.
Essa diferença entre coisas quirais e não quirais vale até em escalas minúsculas. Algumas moléculas são como mãos e tesouras, enquanto outras são como lápis. Esse entendimento foi revolucionário para a química, vital para estudar a origem das moléculas terrestres e para fabricar medicamentos seguros.
No século 19, Louis Pasteur descobriu que as moléculas podem ser destras ou canhotas.Caroline Aranha/Superinteressante Moléculas são ambidestras
A descoberta da quiralidade teria sido o feito mais importante da vida do francês Louis Pasteur se ele não fosse, também, o pai da microbiologia.
No século 19, Pasteur demonstrou que muitas doenças são causadas por microrganismos. Além disso, ele investigou, aos 26 anos, as bases da geometria molecular do vinho.
Durante o processo de fermentação, é comum que cristais de ácido tartárico, formados a partir do açúcar da uva, se acumulem na cuba de vinho. Quando esse ácido é produzido em laboratório, no entanto, ele interage com a luz de maneira distinta (apesar de se tratar da mesma substância). Por séculos, ninguém soube o motivo. Por que uma molécula produzida de forma natural seria diferente daquela feita em laboratório?
Fonte: Superinteressante
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