Pular para o conteúdo
Entenda a crise dos protetores solares da Austrália
Games
entenda
crise
dos
protetores
solares
austrália

Entenda a crise dos protetores solares da Austrália

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 12:00

3 min de leitura

A Austrália, país com as maiores taxas de câncer de pele no mundo, enfrenta uma crise de confiança em relação ao produto considerado sua principal linha de defesa contra o sol: o protetor solar.

O estopim veio em junho, quando a entidade de defesa do consumidor, Choice, divulgou um estudo conduzido em laboratório: 16 de 20 protetores solares testados não alcançaram o fator de proteção solar (FPS) prometido no rótulo. Em um caso emblemático, o Lean Screen SPF 50+, da marca australiana Ultra Violette, mostrou eficácia próxima a apenas FPS 4. O resultado foi tão surpreendente que a própria Choice mandou repetir o teste, chegando à mesma conclusão.

A marca inicialmente reagiu defendendo o produto, que era vendido em quase 30 países e custava mais de A$ 50 por frasco (aproximadamente R$ 176). Mas, menos de dois meses depois, anunciou que o Lean Screen seria recolhido, citando resultados inconsistentes em oito rodadas diferentes de testes. Em comunicado publicado no Instagram, a empresa pediu desculpas, encerrou a parceria com o laboratório responsável e prometeu rever seus processos de controle de qualidade.

A revelação provocou reação imediata. Houve uma onda de protestos de consumidores, múltiplos produtos foram retirados das prateleiras, e a Therapeutic Goods Administration (TGA), agência reguladora de medicamentos, abriu investigação.

Marcas globais como Neutrogena, Banana Boat, Bondi Sands e até a Cancer Council contestaram os resultados, afirmando que seus testes internos comprovam a eficácia – mesmo que os testes da TGA tenham afirmado o contrário. Ainda assim, a pressão pública levou empresas a recolher ou “pausar” linhas inteiras de protetores, em um sinal de fragilidade da confiança do consumidor.

O episódio também levantou questões mais amplas sobre a regulação global do setor. Enquanto na Europa os protetores são classificados como cosméticos, na Austrália eles são tratados como medicamentos, o que teoricamente garantiria padrões mais rigorosos.

Segundo as regras da Anvisa, alguns cosméticos podem ser apenas notificados à agência, ou seja, não precisam ser registrados (é o caso dos desodorantes, por exemplo). Estes produtos são enquadrados na categoria grau 1, pois têm propriedades consideradas básicas.

Os protetores solares não se enquadram nessa categoria: eles sobem um nível, são produtos de grau 2. Ou seja, possuem indicações específicas e precisam ser registrados pela agência antes da venda. O registro envolve a análise e liberação do produto.

A Austrália é ainda mais cuidadosa, e regula os protetores solares como medicamentos. Então, como essa falha passou?

Vamos começar do começo: a efetividade de um protetor solar é medida pelo fator de proteção solar (FPS), que calcula quanto de radiação UVB consegue ser filtrada pela barreira da pele criada pelo creme. Um FPS 50, por exemplo, quer dizer que só 1/50 da radiação solar é absorvida pela pele.

Esse número é calculado em laboratório, com voluntários de peles claras (uma vez que peles escuras possuem uma barreira extra contra a radiação, a melanina). Os indivíduos passam a substância em uma parte da pele e deixam outra desprotegida. Depois, são expostos a diferentes doses de radiação ultravioleta.

Fonte: Superinteressante

Leia também