
Review: Angry Videogame Nerd 8-bit e a beleza da escatologia
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 09:00
4 min de leituraQuando o YouTube ainda nem existia, James Rolfe, mais conhecido com o Angry Nintendo Nerd (posteriormente, videogame nerd, a estrela do Angry Videogame Nerd 8-bit) ajudou a pavimentar o modelo da criação de conteúdo de vídeos nostálgicos sobre videogames. Pouco depois, quando o YouTube ainda era mato, ele viralizou e se tornou um dos maiores e mais influentes criadores de todos os tempos.
Em um efeito dominó gigante, não seria absurdo algum dizer que provavelmente nem o Flow Games existiria sem James Rolfe, e que o cenário de vídeos sobre jogos teria se desenvolvido de forma totalmente diferente. O seu estilo de humor e gameplay, e a forma como isso passou a ser monetizado, é uma etapa essencial do amadurecimento da mídia como um todo.
Misturando um bocado daquele humor mais “edgy”, escatológico e sem vergonha dos anos 90 (pense em uma mistura de revista MAD, filmes B e MTV das antigas), a fórmula caiu nas graças da galera, e logo surgiram toneladas de imitadores fazendo análises bem humoradas de jogos antigos em vídeos de 10 a 15 minutos. Em um terreno que costumava ter monopólio dos “especialistas”, jornalistas e da mídia tradicional, o Nerd trouxe um grato sopro de frescor, raiva e sinceridade.
Se você também cresceu sendo impactado pelo seu trabalho, provavelmente vai gostar de saber que o novo jogo Angry Videogame Nerd 8-bits é uma grande celebração dos seus vídeos, tudo embalado na skin dos melhores — e piores! — jogos da época. É uma carta de amor aos jogos bons, mas especialmente, aos jogos ruins e às frustrações inerentes ao velho loop de gameplay das antigas em que os jogos tinham desafio no talo.
A arte da ofensa
The Angry Videogame Nerd 8-bits é, sem surpresas, um jogo feito do início ao fim para os fãs do personagem do Nerd. Se esse não for o seu caso, talvez seja difícil que o senso de humor e o gameplay cliquem. É algo nichado por natureza e que nunca disfarça isso.
Menos de um minuto após dar o boot no jogo você já terá uma cena com um Jesus transformado em máquina te chamando de “filho da p&$@” e explodindo a casa do Nerd com mísseis e balas.
As 6 fases da aventura, estruturadas ao melhor estilo de MegaMan (você pode jogar tudo na ordem que preferir a partir de uma tela inicial com retratos dos chefões), possuem nomes como “túnel de m&#%@” e incluem referências a dedadas, chefes de fezes ao melhor estilo Conker’s Bad Fur Day e outras tantas ofensas e bobeiras.
Dependendo de para quem você perguntar, isso pode ser a coisa mais sem graça do mundo ou iradíssimo, fica a gosto do freguês. Em todo caso, insisto na percepção de que é algo que fará os fãs do Nerd se sentirem em casa, enquanto leigos devem se sentir totalmente alienados.
Beleza nascida do horror
Especialmente no início de sua carreira, o AVGN deu muito foco a jogos terríveis de Nintendinho 8 bits, como o infame Dr. Jekyll and Mr. Hyde. Assim como boa parte do catálogo da LJN na época, eram jogos muito simples em suas propostas, mas tremendamente punitivos no desafio, daquele tipo que dá vontade de arremessar o controle na parede.
É muito curioso (e espirituoso) que The Angry Videogame Nerd 8-bit seja ao mesmo tempo uma carta de amor e de repúdio a esses jogos. Aqui, James Rolfe parece muito consciente de que construiu a sua carreira graças a jogos assim, e que agora a sua relação com eles não é mais apenas de frustração, mas também de carinho e nostalgia.
Se antigamente era um pesadelo controlar os jatos de Top Gun, agora eles inspiram uma divertida fase que mistura os desafios de plataforma do Air Man de MegaMan 2 com mecânicas de navinha. Mais do que uma sátira ou paródia, esses jogos antigos voltam com um ar celebratório, quase um “lembra de como a gente já se divertiu rindo disso juntos?”
Sim, aqui e ali você vai esbarrar com alguns dos piores elementos da época, com inimigos super apelões ou mortes baratas que você só vai conseguir se livrar ao memorizar o cenário, mas como a demografia alvo deve estar próxima dos 40 anos de idade, é mais provável sorrir com isso do que reclamar.
Curtinho, mas muito divertido
Fonte: Flow Games
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