
Review: Vale a pena se hospedar no Hotel Barcelona
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 11:00
3 min de leituraQuem já teve a oportunidade de se hospedar em diferentes hotéis ao redor do mundo deve saber bem que nem sempre o estabelecimento mais caro, mais bonito e com mais estrelas é, necessariamente, o mais confortável ou memorável.
De certa forma, essa lógica também vale para os videogames. Veja Hotel Barcelona, por exemplo, o mais novo jogo fruto das mentes criativas dos gênios Swery e Suda51, alguns dos poucos exemplos de autores genuínos nessa mídia ainda tão jovem.
Hotel Barcelona não tem o altíssimo orçamento dos blockbusters AAA. Ele não é exatamente polido. Seu gameplay pode ser um tanto “janky” aqui e ali. É um projeto de paixão onde estilo se sobrepõe totalmente à substância. Ainda assim, eu gostei de jogá-lo bem mais do que a maioria dos blockbusters milionários super polidinhos da Sony e Microsoft. Entenda os motivos disso no review a seguir.
Imagem: Suda 51
Homenagens sem vergonha de ser feliz
Quem acompanha os jogos do Swery e do Suda51 sabe que a dupla não costuma ser nem um pouco discreta no que diz respeito a destacar as suas principais referências de cultura pop nos jogos.
Desta vez não foi diferente e, como o tema de Hotel Barcelona gira ao redor de terror, toda a aventura é norteada por símbolos, clichês, e até paródias de personagens famosos. Não vou estragar surpresas por aqui, mas o famoso Jason, por exemplo, logo cedo é um dos primeiros homenageados. Nossa protagonista, a agente federal Justine, precisa visitar um acampamento em um lago e derrotar um chefão com indumentária de… baseball?!
Além dele, prepare-se para encontrar muita coisa saída de O Iluminado, Tubarão, Alien, O Massacre da Serra Elétrica, Brinquedo Assassino, e até jogos como Silent Hill, apenas para começar a pincelar os inúmeros easter eggs do jogo.
Até a animação de abertura é bem sem vergonha de ser feliz. Enquanto os personagens zoam com “a geração mais diversa e politicamente correta”, a música tema composta pelo mestre Shota Nakama toca uma clara paródia de Paranoid do Black Sabbath, mas com nova letra e arranjos no limite do que pode ser feito sem cair no plágio. Pense em versão espirituosa ao melhor estilo das músicas do Weird Al Yankovic, ou simplesmente ouça essa pedrada pelo player abaixo:
Um roguelike bem desafiador
O loop de gameplay de Hotel Barcelona rapidamente pode ser familiar para veteranos de sucessos modernos como Dead Cells: você precisa avançar por fases de scroll lateral e, a cada vida perdida, normalmente vai aprender mais sobre o mundo e inimigos na mesma medida em que habilita novos poderes gradualmente.
Hotel Barcelona não chega a reinventar a roda, mas faz coisas o suficiente de forma diferente para atiçar a curiosidade de quem joga. Por exemplo, apesar de serem lineares, os cenários possuem rotas alternativas para você explorar. Quem sabe o que se esconde em um nível por trás das portas misteriosas? Pode ser uma rota ainda mais difícil para o chefão, ou um bom ponto para reestocar os seus recursos.
A dificuldade é alta e Hotel Barcelona não tem vergonha de apelar ao melhor estilo dos velhos títulos 8 bits, então isso pode ser frustrante para a galera mais nutellinha. Não se surpreenda ao esbarrar com um bocado de tentativa, erro, memorização e repetição até você desbloquear os melhores poderes, seja para a agente Justine ou para o seu próprio cérebro.
Com o passar das horas você vai estar dando pulos duplos por aí e construindo combos de complexidade crescente alternando entre ataques fracos, pesados, projéteis de longa distância e movimentos especiais, o que é bastante gratificante.
Mas a grande sacada de inovação na fórmula é que a cada vida perdida, um “fantasma” (literal!) da sua run anterior percorrerá o mesmo caminho que você fez, mas ele não está lá só para fins de speedrun e referência. Ao invés disso, o fantasma ajuda ativamente no combate, sendo um ótimo aliado NPC. A pegadinha é que você precisa acompanhá-lo e refazer a mesma rota novamente, o que gera um cálculo de risco e recompensa em tempo real: você prefere ter o apoio do fantasma ou explorar outras rotas em busca de poderes e recursos?
Fonte: Flow Games
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