Pular para o conteúdo
Transplantes de órgãos e vida até 150 anos, como querem Putin e Xi Jinping, são possíveis?
Tecnologia
transplantes
órgãos
vida
até
150
anos

Transplantes de órgãos e vida até 150 anos, como querem Putin e Xi Jinping, são possíveis?

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 18:00

2 min de leitura

Fonte: Superinteressante

Durante a parada militar em Pequim que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Sino-Japonesa, um diálogo inesperado chamou atenção de quem acompanhava o evento: os presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, discutiram transplantes de órgãos e a possibilidade de estender a vida humana a até 150 anos.

Um microfone aberto captou parte da conversa. Pelo intérprete de Putin, foi dito que órgãos humanos poderiam ser transplantados repetidamente, permitindo que uma pessoa “fique cada vez mais jovem” e até evite a velhice indefinidamente.

Xi respondeu que algumas previsões indicam que, neste século, humanos poderiam viver até 150 anos. O momento foi breve e acompanhado de risadas e sorrisos, mas provocou repercussão internacional sobre os limites da longevidade e os avanços da biotecnologia.

Compartilhe essa matéria via:

 

 

Apesar do tom aparentemente leve, a conversa toca em questões complexas da medicina moderna. Transplantes de órgãos são procedimentos consolidados e salvam vidas em todo o mundo. Em 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 30 mil procedimentos no Brasil.

Diferentes órgãos apresentam expectativas variadas: rins de doadores vivos podem funcionar por 20 a 25 anos, fígados cerca de 20 anos, corações 15 anos e pulmões aproximadamente 10 anos. Quando o órgão vem de doador falecido, a expectativa média diminui – o tempo de um cai para entre 15 e 20 anos, por exemplo.

A repetição de transplantes, como sugerida na conversa de Xi e Putin, ainda enfrenta limitações médicas sérias. Cada cirurgia envolve riscos significativos e requer o uso contínuo de drogas imunossupressoras, que evitam a rejeição do órgão, mas aumentam a vulnerabilidade a infecções, câncer e complicações cardiovasculares.


Neil Mabbott, especialista em imunopatologia do Instituto Roslin, na Escócia, explicou à BBC que “o estresse e os impactos de múltiplos transplantes, somados aos efeitos das drogas antirrejeição, seriam graves demais para pacientes em idade muito avançada”.

Além disso, a rejeição do órgão pode ocorrer mesmo com a medicação adequada, já que o sistema imunológico reconhece tecidos estranhos e tenta eliminá-los.

Para enfrentar essas limitações, cientistas investem em soluções inovadoras – entre elas, o xenotransplante, que utiliza órgãos de porcos geneticamente modificados. A ideia é contornar a crise mundial de oferta: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas cerca de 10% da demanda global por transplantes é atendida.

O número representa uma melhora de 52% em relação a 15 anos atrás, mas ainda está longe do suficiente. Só no Brasil, 78 mil pessoas aguardam na fila de espera por um órgão. Na Super, fizemos uma matéria de capa sobre xenotransplantes em julho de 2024.

Leia também